O Estado é uma nova e promissora fronteira agrícola na região norte do Brasil. Há menos de uma década era raro encontrar lavouras assim em Rondônia. A produção rural no Estado se concentrava na pecuária, que hoje soma 12 milhões de cabeças de gado. Durante este tempo o cenário mudou. Nesta safra, por exemplo, as plantações de soja devem ocupar cerca de 165 mil hectares, 10 mil a mais que na passada.
Esta expansão ocorre sobre áreas de pastagem, a maioria degradadas. A integração entre lavoura, pecuária e floresta é uma das ferramentas que está ajudando a impulsionar a produção de grãos.
A presença da Embrapa, responsável por vários experimentos agrícolas na região, é uma vitrine para os agricultores. E isso reflete no bom desempenho no campo. A produtividade média no Estado é elevada, supera as 52 sacas de soja por hectare. Para esta safra, a previsão é produzir cerca de 520 mil toneladas do grão.
Uma das principais características da sojicultura em Rondônia é a produção de soja convencional. Nada menos que 98% das plantações são cultivadas com este tipo de grão, que é escoado via complexo do Rio Madeira, a partir de Porto Velho até Itacoatiara. Só que esta realidade, de domínio absoluto do grão convencional, já preocupa os agricultores, que reclamam do não pagamento de extras pelo valor agregado ao produto que não é transgênico, o que o torna mais valorizado pelo mercado de alimentos. É o caso do agricultor dono de uma lavoura que fica exatamente na divisa entre o Estado de Rondônia e Mato Grosso.
Há 14 anos Nadir Comiran planta soja em Vilhena e Comodoro. A lavoura tem 2 mil hectares. Até a safra passada, a metade da plantação que fica do lado de Mato Grosso era semeada com soja transgênica, já a do lado de Rondônia recebia sementes convencionais. Este ano o agricultor mudou os planos. Vai usar grãos transgênicos em toda a área.
As trandings instaladas na região não recebem soja transgênica. Segundo os agricultores, nesta safra, uma empresa local deve passar a receber o grão modificado, porém em escala muito limitada. O produtor Adair José Menegol planta 7 mil hectares de soja. Toda área é convencional. Ele reclama da falta de incentivos e afirma: se tivesse alternativas de mercado investiria em transgênicos.
Para o presidente do sindicato dos produtores rurais de Vilhena (RO), Evandro César Padovani, a verticalização seria uma das soluções para aumentar o consumo de grãos no mercado interno. O setor pede a instalação de esmagadoras de soja e de frigoríficos de aves na região. Além disso, ele lembra que a cidade é rota obrigatória para a soja convencional que sai do oeste de Mato Grosso e cobra mais atenção com as condições da BR-364, por onde é feito este escoamento.