Governo do Paraná cria programa para dobrar produção estadual de trigo

Produtores e indústrias devem se comprometer com qualidade e compra da safraO secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, se reuniu nessa semana com os representantes da indústria do trigo no Paraná e do setor produtivo para dar andamento à discussão de uma proposta que tem como meta dobrar a produção no Estado. Trata-se de uma política de integração entre a indústria e o setor produtivo, que foi apresentada pelo governador Roberto Requião no Congresso da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) realizado em Curitiba em outubro do ano p

A proposta foi debatida por Bianchini com os diretores do Sindicato da Indústria do Trigo do Paraná, Roland Guth, e Romeu Massignan, pelo representante da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) Robson Mafioletti, pelo representante da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Pedro Loyola, pelo diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) Francisco Simioni e pelo técnico do Deral, engenheiro agrônomo Otmar Hubner.

O Paraná já se destaca como o maior produtor de trigo do país mas apresenta potencial para dobrar a produção, que no ano passado já alcançou 3,2 milhões de toneladas. A idéia do governo é subvencionar parte do seguro agrícola do trigo para incrementar o cultivo do grão no Estado. Porém, a concretização da proposta sugere um compromisso compactuado com o produtor e indústria. O produtor se compromete a utilizar tecnologia e melhorar a qualidade do trigo, e a indústria a garantir a compra da produção.

O produtor já conta hoje com uma subvenção de 70% no seguro agrícola, patrocinada pelo governo federal. Dos 30% restantes, o governo do Paraná bancaria metade e o produtor a outra metade do custo. Mas o governo quer o compromisso de que a indústria vai comprar a produção e de que o produtor vai usar tecnologia para produzir um grão de qualidade, disse o secretário Bianchini.

De acordo com o secretário, a idéia é discutir a política de incremento na área cultivada de trigo para entrar em vigor ainda este ano. Oficialmente, pelo zoneamento agrícola, o plantio de trigo começa a partir de 10 de março, mas se intensifica mesmo a partir de meados de abril.

O representante da indústria, Roland Guth, se mostrou receptivo à proposta argumentando que 85% do trigo moído no Paraná, avaliado em 1,8 milhão de toneladas por ano, é proveniente da produção do Estado. Segundo ele, o trigo do Paraná tem boa qualidade e atende às necessidades da indústria. Segundo Bianchini, o governo tem interesse nessa política de integração entre o setor produtivo e industrial e o que falta agora é achar o ponto de equilíbrio para atender as partes.

Para Mafioletti, da Ocepar, se a proposta for concretizada ela será um indutor de tecnologia no campo. Os representantes da Faep e Ocepar defenderam ainda a necessidade de reajuste no preço mínimo do trigo dos atuais R$ 28,80 a saca para R$ 36,00 a saca, para remunerar o custo de produção.