A tese foi defendida pelo técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA), Fernando Furtado Velloso. Segundo o especialista, quando um criador adquire material selecionado no exterior, não há garantia de que ele vá funcionar no país.
– O melhor touro da Argentina, dos Estados Unidos, foi selecionado nas condições deles. Ao passo que o nosso melhor touro para característica A, B ou C foi selecionado no nosso ambiente. Talvez o melhor touro selecionado aqui não tenha um bom desempenho na Argentina ou nos Estados Unidos. A demonstração de que isso é verdade são os dados objetivos de avaliação genética. Nós pegamos dados técnicos para mostrar – defende.
A característica ambiental brasileira, que combina calor e umidade, é encontrada em poucos lugares do mundo, e gera necessidades únicas. Velloso cita o trabalho de seleção de touros resistentes ao carrapato, que não é registrado em outros países.
– É uma dificuldade, mas também pode ser um diferencial da nossa seleção – avalia.
Tecnologias
O incremento no uso de novas tecnologias promoveu um ganho real em genética nos últimos 20 anos. De acordo com o especialista, o Brasil está em pé de igualdade na questão de acesso, mas ainda fica devendo na utilização dessas informações em relação a outros países. O uso da ultrassonografia para fazer avaliações de carcaça é apontado como um dos aliados do trabalho.
Nos últimos anos o país também registrou alta no uso de marcadores moleculares e da avaliação genômica, que é a coleta do DNA do animal para genotipagem, no desenvolvimento do angus, mas ainda está atrás dos concorrentes externos.
– Marcadores moleculares são importantes para a questão da qualidade da carne, que, infelizmente, o nosso mercado ainda não é muito desenvolvido para isso. O DNA pode adiantar essas características, onde entram a maciez, marmoreio, área de olho de lombo, por exemplo – explica.