Rio ganha bolsa verde para negociar ativos ambientais

BVRio iniciou as suas atividades nessa segunda, possibilitando que produtores e proprietários rurais possam ganhar dinheiro preservando a vegetação nativa de seus imóveisA partir dessa segunda, dia 10, produtores rurais que preservam vegetação nativa em suas propriedades poderão ganhar dinheiro negociando, por meio de uma plataforma online, contratos de compra e venda de Cotas de Reserva Ambiental Futura (Crafs).

Os contratos de compra e venda serão negociados na bolsa de valores ambientais BVRio (Bolsa Verde do Rio de Janeiro). Criada há um ano com o apoio da Secretaria de Estado do Ambiente e da prefeitura do município do Rio de Janeiro, a BVRio iniciou as suas atividades, possibilitando que – por meio de operações de mercado – produtores e proprietários rurais possam ganhar dinheiro preservando a vegetação nativa de seus imóveis. A tendência é que, com o tempo, a bolsa se nacionalize, embora as negociações devam ocorrer entre produtores de um mesmo Estado.

A BVRio foi criada objetivando atender às necessidades e exigências contidas no novo Código Florestal, que determina que todos os imóveis rurais são obrigados a manter uma Reserva Legal (RL) – área de vegetação nativa.

A legislação permite também que aqueles que têm Reserva Legal excedente à sua obrigação possam transformá-la em cotas de reserva ambiental e, posteriormente, vendê-las a quem tem déficit de RL. A obrigação de Reserva Legal varia de 20% a 80% da área dos imóveis, dependendo do bioma e do estado onde estão as propriedades.
O presidente executivo da BVRio, Pedro de Moura Costa, disse que a iniciativa de criar a bolsa verde tem o objetivo de criar um mecanismo de mercado para ajudar no cumprimento da lei da maneira mais eficiente e barata possível.

– As leis existem para serem cumpridas, a gente quer remover as dificuldades inerentes ao cumprimento das leis ambientais, sendo a primeira iniciativa a das cotas de reservas ambientais – defendeu Costa.

O executivo disse que as taxas de administração são as praticadas pelo mercado e vão variar, de acordo com o tamanho da área, entre 1% a 3% do valor da transação.
– Este é um mercado de centenas de bilhões de reais, podendo chegar a meio trilhão de reais. Vai depender de preço, de liquidez. A gente está tentando criar mais liquidez o tempo todo para que isto realmente se manifeste e a gente efetivamente possa remunerar aqueles que conservam suas florestas – disse.

Mesmo com as estruturas regulatória e tecnológica do Cadastro Ambiental Rural (CAR) ainda em processo de implementação, os produtores e proprietários rurais, segundo Moura Costa, podem negociar as Crafs na BVRio.

O pagamento só ocorre na entrega das cotas para o comprador. Assim, comprador e vendedor reduzem riscos e, ao mesmo tempo, criam um mercado para a Crafs, passando a conhecer demanda e oferta de preços por cotas.

Produtores rurais de todo o país começaram a se cadastrar na plataforma da BVRio em maio, iniciando o processo de formação de mercado e definição de preços. Na primeira semana de dezembro, a BVRio tinha mais de 300 produtores cadastrados para negociação de Crafs. A partir desta semana, eles podem começar a fechar negócios.

>>Acesse o site especial do novo Código Florestal e saiba todas as regras relativas às áreas de Reserva Legal