Com expectativa de lucros maiores, cafeicultores seguram venda do produto

Período pode acontecer no primeiro semestre de 2013Na expectativa por maiores lucros, cafeicultores que têm o produto em estoque estão aguardando o chamado período de repique de alta nos preços, que pode acontecer no primeiro semestre de 2013. Muitos produtores estão vendendo apenas o suficiente para quitar as contas e apostando no reaquecimento do mercado. Como lidar com este cenário é o grande dilema de produtores e especialistas.

Nas últimas duas safras, os cafeicultores estão investindo para recuperar a produtividade, mas a esperança de altos preços que marcaram o mercado não se confirmou.

— A nossa realidade é uma realidade de R$ 300,00 R$ 350,00 e já tem gente falando que nós vamos sentir saudades desse preço. É uma coisa que a gente vem falando, não adianta investir pensando em preço de R$ 500,00 R$ 600,00. A gente tem que trabalhar com preços históricos, trabalhar com pé no chão e o principalmente saber quanto custa — afirma o engenheiro agrônomo Kássio Humberto Fonseca.

Na fazenda da Barra, no Triângulo Mineiro, o cafeicultor Airton Gonçalves está recebendo mais uma carga de adubo líquido, 60 toneladas, que pagou à vista. Ele vendeu o número suficiente de sacas de café ao preço de R$ 350,00 para quitar a conta. Produziu 6280 sacas e tem ainda 4 mil em estoque. Enquanto aguarda pelo melhor momento, ele faz as contas.

— Do ano passado para este ano nós tivemos uma perca entre 25% e 30%. No aumento do produto de adubo foi a mesma coisa, só que para cima. Então se você pegar, dá uma diferença de 50% a 60% de perca no ganho. O adubo, que custava R$ 900,00 R$ 950,00 a tonelada no ano passado, agora está R$ 1290,00. Eu vendi um café a R$ 500,00 no ano passado e comprava esse adubo a R$ 900,00.  Hoje vendo café a R$ 350,00 e compro um adubo de R$ 1200,00. Esse mercado nem que eu tivesse 100 anos iria conseguir dominar — diz o cafeicultor.

Com a expectativa de repique de alta de preços no primeiro semestre de 2013, a cooperativa Expocaccer, do Cerrado mineiro, tem hoje 615 mil sacas de 60kg no armazém, três vezes mais do que tinha no mesmo período do ano passado.

— Com o preço que está hoje o produtor segurou. Ele está  vendendo só o necessário para realizar um recurso para uma dívida que ele tenha. Alguns estão fazendo financiamento junto ao banco, deixando café em garantia para obter esse recurso — comenta o gerente de negócios da cooperativa, André Gomes Peres.

O procedimento de pegar dinheiro no banco esperando por preços melhores não é o recomendado pelo gerente da cooperativa.

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