Soja deve amortizar queda das exportações prevista para 2013, diz AEB

Vendas externas devem alcançar US$ 239,69 bilhões no próximo anoOs altos preços dos produtos derivados da soja e o aumento da quantidade de soja exportada, na avaliação da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), vão amortizar a queda prevista para a balança comercial brasileira, em 2013. De acordo com os números projetados pela AEB, as exportações deverão alcançar US$ 239,69 bilhões no ano que vem, com diminuição de 1,1% em relação ao esperado para este ano (US$ 242,48 bilhões).

— Pela primeira vez, ele (complexo soja) vai passar a ser o principal item da pauta de exportação do Brasil. A soja vai amortizar essa queda — disse o presidente da AEB, José Augusto de Castro.

Para as importações, a estimativa é atingir US$ 225,07 bilhões, com aumento de 0,4% em comparação aos US$ 224,21 bilhões estimados para 2012. O pequeno aumento foi atribuído por José Augusto de Castro ao petróleo e seus derivados, cujas importações foram efetuadas este ano, mas que, devido a um “descontrole”, não foram registradas no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e deverão ser computadas no próximo ano.

— Isso é que vai provocar o aumento no final das importações, porque praticamente todos os itens – bens de capital, matérias-primas, tudo tem queda.

Segundo a AEB, o cenário decorrente da crise econômica internacional ainda é de grande volatilidade e incerteza.

— Para o comércio exterior brasileiro, o cenário mudou para pior — disse Castro.

Entre os fatores que vão nessa direção, está a decisão de não prorrogar o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), bem como a redução da taxa de câmbio, já acenada pelo Banco Central, para não comprometer a inflação.

— Isso vai dificultar a exportação de manufaturados em um cenário que já é difícil.

A concorrência com a China deverá acirrar mais essas dificuldades, admitiu o presidente da AEB. A entidade avalia que o Brasil está perdendo mercado para o produto chinês na América do Sul, especialmente para a Argentina. As exportações brasileiras para a Argentina vão cair este ano 20%, enquanto as da China cairão, “no máximo”, 3%, disse. A diferença de queda de exportação para a Argentina está sendo ocupada pela China.

— Nós estamos perdendo mercado.

Para tentar melhorar o comércio exterior em 2013, a AEB recomenda que o Brasil faça o dever de casa, ou seja, reduza os custos de infraestrutura, tributário, financeiro e de burocracia.

— O caminho nosso é longo, não tem resultado imediato — admitiu Castro.

Destacou que entre o anúncio de medidas feito recentemente pelo governo na área de portos, ferrovias e rodovias, por exemplo, e a execução, “sempre demanda um tempo”. Para ele, nada vai acontecer em 2013.

De acordo com a projeção da AEB, o saldo comercial em 2013 ficará em US$ 14,620 bilhões, o que significará retração de 20% em relação ao superávit estimado para 2012 de US$ 18,27 bilhões.

Na primeira previsão da AEB para 2012, feita em dezembro de 2011, as exportações foram estimadas em US$ 236,58 bilhões. A revisão feita em julho passado apontou ligeira alta, para US$ 237,07 bilhões. Agora, de novo sobem as expectativas para as vendas brasileiras no comércio mundial, somando US$ 242 bilhões, no próximo ano.
José Augusto de Castro explicou que o movimento de alta foi capitaneado pela soja.

— Como houve uma queda da produção do produto de nove milhões de toneladas, todas as projeções era que haveria uma queda de pelo menos três milhões de toneladas na exportação. Na verdade, não houve essa queda e o preço estava mais alto. Com isso, nós tivemos um aumento de exportação de soja que não era previsto.

Ele lembrou que no lado das importações, a expectativa no final do ano passado era ter, em 2012, um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5%. Além disso, a taxa de câmbio estava em torno de R$ 1,70. Durante o ano, entretanto, ocorreu aumento da taxa cambial, o PIB deverá crescer menos, cerca de 1%, a demanda começou a reduzir no mercado interno e o consumo das famílias se encontra “bem comportado”, ressaltou.

Esses fatos, segundo Castro, contribuíram para que as projeções de importações caíssem de US$ 233,54 bilhões, na primeira previsão da AEB para 2012, para US$ 224,21 bilhões, na estimativa inicial para o próximo ano.