O arroz registrou preços altos no início de 2012, chegando a ultrapassar R$ 27,00 a saca de 50 kg no final de janeiro, mas a falta de água no Rio Grande do Sul gerou um mal-estar entre agricultores e a população da Região Metropolitana de Porto Alegre.
A quebra na safra e a intervenção do governo garantiram a valorização dos preços durante os primeiros meses do ano.
— Os preços começaram a aquecer em função de que houve uma redução de dois milhões de toneladas na produção e o Ministério da Agricultura anunciou, na segunda quinzena de março, que daria suporte à sustentação do mercado com vários mecanismos de comercialização — explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha.
— Existiam compras do governo para manter o preço no patamar mais elevado em comparação ao ano passado, onde teve uma queda muito brusca nos preços. A partir daí, ocorreu uma valorização muito brusca no cereal, basicamente no Rio Grande do Sul, balizando o mercado brasileiro de arroz — afirma o analista de mercado de arroz da Safras & Mercado, Eduardo Aquiles.
O mercado estabilizado não afastou o fantasma do endividamento agrícola e a falta de apoio às exportações ainda assombrava os produtores.
— Havia uma expectativa da renegociação das dívidas. Nós solicitamos e conseguimos o adiamento dos financiamentos agrícolas e isso empurrou o mercado para cima. Também teve o componente da exportação, que o ano passado o governo apoiou. Nesse ano não teve apoio por nenhum mecanismo e o setor seguiu exportando muito — diz Rocha.
Os estoques de passagem ajustados e os preços internacionais que se mantiveram favoráveis ajudaram a impulsionar o mercado interno, que romperia o patamar dos R$ 40,00 a saca.
— A partir do terceiro trimestre, o que ocorreu foi mais uma estabilidade de preços, com o amento das importações. O governo entrou vendendo o arroz via leilões e os preços começaram a recuar um pouco — comenta Aquiles.
Com a chegada do final do ano, a aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN) para a renegociação das dívidas foi comemorada entre os produtores.
— A medida (renegociação) é muito relevante, vai trazer um fôlego para os produtores, que poderão renegociar o seu passivo em até 10 anos — diz Rocha.
A busca de alternativas também mereceu destaque no setor produtivo.
— A novidade neste ano é que em torno de 300 mil hectares de áreas de arroz de várzea serão cultivados com a cultura da soja e isto é reflexo da reengenharia do setor, da diversificação e da fuga da monocultura. O produtor está buscando outras culturas para garantir rentabilidade, sustentabilidade na sua atividade — afirma Rocha.
Para 2013, o setor acredita na estabilidade dos preços, e a expectativa é de que a boa fase continue.