Arroz japonês é alternativa para produtores que buscam mais rentabilidade

Desafio é inserir o produto na cultura alimentar do brasileiro, que está acostumado com o arroz agulhinhaCom preços 40% mais altos do que o arroz agulha, o arroz japonês, ou cateto, tem sido uma alternativa para produtores rurais que buscam mais rentabilidade. O mercado ainda é restrito, mas aos poucos ganha espaço na agricultura brasileira.

O produtor João Antonio Crozariol migrou para o arroz especial há três anos. O plantio da próxima safra já terminou na sua área de 49 hectares. A colheita inicia na segunda quinzena de janeiro.

– Viemos há muitos anos com o agulhinha. A gente quis fazer uma alternativa para ver se melhora um pouco o rendimento da família. Ele [japonês] não dá produção igual ao agulhinha, dá menos, mas em preço, é melhor – afirma o arrozeiro.

Hoje, a saca com 50 quilos de arroz japonês casca é vendida a R$ 50,00, mas o preço já foi o dobro. Uma saca de 60 quilos do arroz tipo agulha, que é mais comum, sai a R$ 50,00. No estoque de Crozariol, 2,4 mil sacas da safra anterior aguardam por preço melhor para serem vendidas. De acordo com o produtor, a entrada da safra uruguaia puxa os preços para baixo.

– A gente está batendo um pouco de frente com o pessoal do Uruguai porque está vindo muito arroz de fora. Fica difícil a venda do arroz aqui, mas eu ainda vou tentar trabalhar mais um pouco nele para ver se consigo um preço bom. Não é a lavoura de arroz a culpada, mas o defensivo, o custeio, o adubo, que a cada dia vem a um preço – acrescenta o agricultor.

Se o arroz japonês é mais rentável ao produtor, o desafio é inserir o produto na cultura do brasileiro, que está acostumado com o agulhinha. Por enquanto, a indústria não consegue vender o japonês de uma vez só, a comercialização é feita ao longo do ano. A estimativa é que hoje o arroz cateto represente apenas 10% da venda do tradicional.

– Temos diversas iniciativas, principalmente divulgação. O brasileiro, cada um em sua região, tem um hábito alimentar que não e tão simples modificar. Hoje, vemos que a indústria se aproxima de restaurantes e grandes chefes, que têm apoiado o consumo do produto – pontua o diretor do núcleo de produção e sementes da Cati de Taubaté, Glênio Wilson de Campos.

Segundo o especialista, a região do Vale do Paraíba, em São Paulo, é considerada como referência em produção de arroz especial no Brasil.

Campos explica que a os custos e a maneira de conduzir os dois tipos de arroz são os mesmos, mas que a receita pode ser 2,5 maior. Porém a produção em escala não é aconselhada, já que o mercado não absorve a produção.

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