Com expectativa de uma safra de grãos maior na América do Sul e com a demanda mundial menor pelas commodities, os preços da soja, milho e trigo despencaram na última semana. Na bolsa de Chicago, que é referência para as negociações do Brasil, a queda foi de 1,8% para a soja. E mesmo com essas reduções de preço a China, maior consumidor de soja do mundo, continuou desistindo de importar o grão.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, nessa última semana, o país asiático já cancelou a compra de 315 mil toneladas de soja. Se somarmos as desistências de compras do mês de dezembro, o volume chega a 1 milhão de toneladas, para menos. Além da relação oferta e demanda, outra questão que também está influenciando na queda é a baixa do dólar que saiu da média dos R$ 2,10 para R$ 2,02. E essa baixa para soja e milho nas bolsas também refletiu no mercado físico. No Brasil, a redução foi de cerca de R$10.
– Tanto as cotações da bolsa de Chicago, quanto o dólar, que também influencia na precificação da soja e do milho, tiveram boa queda. Outro ponto a se ressaltar no mercado físico é que daqui a duas ou três semanas começa com mais força a colheita, e você vai ter a entrada de produto no mercado interno. Essa entrada de produto também pressiona os preços para baixo – diz o analista de mercado de soja e milho Glauco Monte.
Já para o trigo, a queda nas bolsas ainda não se refletiu no mercado físico.
Segundo os dois analistas, para as próximas semanas os preços da soja, do milho e do trigo devem manter-se nos mesmos patamares atuais, desde que não haja grandes mudanças. O que poderia fazer os preços oscilarem seria notícias muito diferentes das esperadas no próximo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que será divulgado na próxima sexta, dia 11, ou ainda, condições climáticas desfavoráveis.
– As simulações trabalham com a hipótese de uma chuva persistente, especialmente sobre o Mato Grosso, e já estamos nos aproximando do período da colheita. Existe sim esse risco da chuva prosseguir durante o período da colheita e aí ela acabar atrapalhando essa atividade. Além disso, tem outra questão também, a ferrugem, no caso da soja, com esse aumento da chuva, a proliferação da ferrugem deve aumentar nas próximas semanas em função do excesso de umidade – explica o meteorologista Celso Oliveira.