O produtor Marcos Otélio Ponga ainda se emociona ao observar as fotos tiradas no início de dezembro.
– Dá um desespero quando me lembro – diz.
Os retratos mostram o estrago causado pelo granizo na lavoura de soja. Todos os 470 hectares foram atingidos. O produtor estava descapitalizado e só conseguiu replantar 70% da área. Onde não houve replantio as plantas estão floridas, mas com potencial produtivo bastante limitado.
– Faltou chuva. Se colhermos 30 sacas é muito – fala.
Nas áreas replantadas o cenário também é desolador. Faltou chuva e o desenvolvimento das plantas está prejudicado.
Em um talhão o problema foi ainda maior. A área de 50 hectares precisou ser replantada duas vezes. Primeiro, por conta da chuva de granizo. Em seguida, foi a estiagem prolongada que praticamente acabou com a lavoura recém-germinada. O agricultor não teve outra saída, precisou entrar novamente com a plantadeira no terreno.
Só que a seca não deu trégua e o os estandes ficaram mal formados, as plantas cresceram com tamanhos desiguais e a produtividade da plantação também ficou comprometida.
Sem saber quanto vai conseguir colher, Ponga está apreensivo. Ele negociou antecipadamente parte da produção e acha que vai ser difícil cumprir o acordo caso não volte a chover bem nos próximos dias. O agricultor já estima um prejuízo de pelo menos R$ 500 mil até agora.
Em quase três décadas plantando soja no oeste baiano, esta é a primeira vez que Ponga enfrenta uma situação dessas. Assim como o produtor Dércio Bosa, que também teve parte da lavoura destruída pelo granizo e comprometida pela seca. Foram 700 hectares, dos quais 500 tiveram que ser replantados a um custo adicional de sete sacas por hectare.
Outros produtores de Luís Eduardo Magalhães (BA) também replantaram ou estão replantando parte das lavouras de soja. As lideranças do setor ainda não sabem estimar o tamanho dos prejuízos, mas afirmam que eles serão grandes, porém poderiam ser minimizados caso o seguro agrícola existente no Brasil fosse mais adequado às necessidades de quem está no campo.
E na falta de uma cobertura ideal para tranquilizar os agricultores, o jeito é esperar que o tempo colabore, e torcer para que aquelas nuvens carregadas que começam a molhar algumas plantações permaneçam na região e comecem a despejar um bom volume de água em todas as lavouras.