O produtor Cyro Abumussi planta tomate há 25 anos. Desde novembro do ano passado, as principais regiões produtoras vêm sendo atacadas por duas pragas: a broca e o estenfídio. O clima de janeiro também se tornou tão nocivo quanto os insetos e fungos. Ele explica que a chuva agravou muito a queda da produtividade.
– A maioria das roças são a campo aberto, o que dá uma exposição muito maior das plantas e a facilidade dos insetos e fungos atacarem as plantas é muito grande. A chuva traz outros problemas, principalmente para o visual dos frutos – diz.
A qualidade piorou, a oferta está menor e os preços sofreram elevação. O produtor que comercializava uma caixa a R$ 35,40, está vendendo agora a R$ 80,00. Para o consumidor também ficou mais caro. O quilo pulou de R$ 3,00 para R$ 8,00. Porém, mesmo recebendo mais, o panorama atual não compensa para o produtor porque os custos são muito altos. O reajuste é uma necessidade para equilibrar as contas.
Para o pesquisador do Cepea Fabrício Zagati, a explicação vai além da incidência de pragas e chuva: a alta de agora está relacionada com janeiro de 2012.
– O verão passado foi atípico, mais seco que o normal. Isso elevou muito a produtividade nas lavouras e fez com que a oferta subisse a níveis que o produtor não conseguiu obter um preço bom na caixa.
Com remuneração baixa, a área de plantio acabou reduzida durante o ano. Segundo Zagati, com as perdas que o produtor contabilizou no ano passado, a área prevista reduziu em cerca de 17%. A estimativa é que, pelo menos para os próximos três meses, os preços devam continuar altos.
– Na Ceagesp [Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo], a média da caixa do tomate salada foi de R$ 68,00. Se você contabilizar que o produtor vai vender por volta de R$ 40,00, R$ 50,00, está tendo um ganho muito bom – destaca Zagati.