Avanço do plantio de soja reduz cultivo de feijão e milho no Rio Grande do Sul

Diminuição dessas culturas pode comprometer a economia gaúchaO milho e o feijão estão perdendo espaço nas lavouras do Rio Grande do Sul com o avanço do plantio da soja. Segundo especialistas, a tendência é que a oleaginosa aumente ainda mais a área plantada para a próxima safra, já que os preços também estão atrativos ao produtor

De acordo com o analista de mercado Carlos Cogo, o algodão perdeu 35% da área de cultivo e o milho, 5%. Culturas como feijão e arroz também foram afetadas, além do aumento em áreas de pastagens nas regiões Centro-Oeste, no Maranhão, Tocantis, Piauí e Bahia. 
 
No caso do Rio Grande do Sul, em termos de área plantada, as piores perdas foram contabilizadas com o milho e o feijão, este sofreu uma redução de 13,1%, passando de 59,5 mil hectares plantados em 2011 para 51,7 mil hectares nesta safra. A produção este ano deve ser um pouco menor, de 94 mil e 500 toneladas, cem toneladas a menos do que a safra anteior. Um dos motivos para a desistência em relação à cultura é o alto risco de perdas, já que o feijão é muito sensível ao clima. Porém, quem ainda aposta, pode ter bons lucros, já que os preços para a saca de 60 quilos estão em alta.

– Principalmente o feijão carioca, que hoje está R$ 197,50 nas regiões produtoras. O feijão preto também se encontra em um patamar elevado, está R$ 147,50 – destaca o analista da Safras e Mercado Regis Becker.

Já o milho sofreu redução de 7,2% na área, o que representa 80 mil hectares a menos nesta safra. Em 2011, a produção foi de 1,113 milhão hectares, no ano passado, de 1,33 milhão de hectares. A expectativa para a próxima colheita, no entanto, é de 4,70 milhões de toneladas.

Como o milho vem perdendo espaço na agricultura, o resultado é um aumento maior na importação do grão:

– A demanda do Rio Grande do Sul, que é da ordem de 5,8 milhões de toneladas de consumo entre os segmentos de suínos, frango e leite e outros usos, faz com que o Estado busque no mercado nacional ou internacional mais de 1 milhão de toneladas na temporada 2013 – indica o economista da Fecoagro Tarcísio Minetto.

A diminuição dessas culturas pode comprometer a economia gaúcha. De acordo com o diretor técnico da Emater-RS, Gervásio Paulus, o milho tem muita importância por abastecer as cadeias produtivas, suínos e aves, e o feijão tem uma demanda grande pelo consumo humano.

Com a previsão de boa safra, tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul, e também de nova estiagem nos Estados Unidos, o que pode elevar os preços dos grãos, a tendência é que o avanço da área da soja seja ainda muito maior no ano que vem.
 
– Em caso de uma seca perseverando nos Estados Unidos, nós teríamos um avanço mais acentuado, talvez da ordem de 8 a 10% na soja – estima Carlos Cogo.

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