O rebanho do ano passado ficou abaixo, inclusive, do total registrado em 2010, quando havia 28,769 milhões no Estado. A baixa no número de bovinos é consequência de uma série de fatores que levaram os pecuaristas a enviar mais animais para o abate, inclusive fêmeas, e reduzir os animais e os custos de produção. Em 2012, 46% dos animais abatidos eram fêmeas, em 2011 esta participação foi de 44% e em 2010 era de 34%.
O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, explica que a crise de pastagem enfrentada no Estado tem obrigado os produtores a abater suas fêmeas para reduzir o rebanho.
– Em 2010, se iniciou um problema nos pastos por causa do ataque de cigarrinhas, que somado à degradação, culminou na crise enfrentada hoje no campo. Sem a recuperação ou reforma do pasto nas propriedades o futuro da pecuária fica comprometida no Estado.
Para o economista e consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira, é preciso desenvolver um plano de ação e políticas públicas para enfrentar os problemas de pastagem no Estado. Oliveira destaca que a transferência de área de pastagem para agricultura não ameaça a pecuária porque a tendência é aumento de produtividade, ou seja, mais animais e animais maiores e menores áreas, mas que para isso é preciso condições.
– O pecuarista tem condições de elevar sua produtividade, mas para isso é preciso ter alimento para o boi e estamos falando em pasto. O governo precisa criar linhas de crédito e políticas que amparem os pecuaristas na hora de investir.
Entre 2008 e 2011, houve uma redução de 3,47% da área pastagem que foi transformada em agricultura, passando de 26 milhões de hectares para 24,9 milhões de hectares. Porém, neste período, o rebanho passou de 26 milhões de animais para 29,1, o que aponta ganho de produtividade.
Mesmo com o investimento em tecnologias que permitiram o ganho, Vacari chama a atenção para o problema de renda do pecuarista e de pasto, duas condicionantes que podem influenciar o rebanho no Estado. Além disso, o superintendente também destaca a consequência principal do abate de fêmeas que é a falta de bezerros em dois a três anos.
– Mais do que o problema de pasto, o pecuarista ainda tem que lidar com a desvalorização dos bezerros e baixa rentabilidade do sistema de cria. Com isso a consequência é uma escassez de animais em poucos anos.