A possibilidade de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) banir o paraquat está preocupando os produtores rurais, pelo potencial de a medida gerar um prejuízo de mais de R$ 17 bilhões, com queda de 30% na produtividade das lavouras.
O herbicida é um dos mais utilizados no mundo para o controle de uma ampla variedade de plantas daninhas em mais de 100 lavouras, inclusive cereais, sementes oleaginosas, frutas e legumes, que crescem em todos os climas. No Brasil, ele está presente em quase 17 milhões de hectares das mais diversas culturas, com destaque para a soja, onde é utilizado em mais de 15 milhões de hectares.
O parecer técnico da Anvisa sugere o cancelamento do registro de produtos à base do paraquat em função dos riscos de doenças como o Mal de Parkinson para quem manuseia o defensivo.
Segundo o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Brasil (Aprosoja), Fabrício Rosa, a decisão prejudicará o plantio direto e deixará o produtor apenas com o glifosato, que é insuficiente para lidar com os problemas.
– Os produtos que existem não são substitutos perfeitos. Eles têm um custo maior, entre 300% e 500% [a mais] do que o paraquat. Vai aumentar o custo de controle em 300% a 500%, isso é quase proibitivo. Isso significa que o produtor vai usar menos e vai ser, sem dúvida, um impacto na produtividade – diz.
Ele afirma também que 60 países – incluindo Japão, Austrália e Estados Unidos – revalidaram o paraquat entre 2006 e 2009 e o mantiveram no mercado.
O consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Reginaldo Minaré, diz que o processo de avaliação da Anvisa precisa ser “sólido e transparente”. Para ele, a tendência não é de banir por completo, mas estabelecer restrições de uso para algumas culturas.
– Acreditamos que pelo histórico da molécula, pelo contexto mundial que envolve esta molécula, a decisão da Anvisa caminha um pouco mais para esta possibilidade, do rearranjo do produto, do que de bani-lo – afirma.