De acordo com o banco, a previsão deverá se tornar um fato com base em duas premissas: que em um período de quase duas décadas, o ritmo da expansão das exportações da América Latina para os EUA seja mantido, ao mesmo tempo que leva em consideração metade da velocidade de crescimento das vendas de produtos da região à China. Segundo o HSBC, um dos efeitos positivos do aprofundamento do comércio exterior com a China é o aumento dos investimentos diretos estrangeiros à região. “Os investimentos da China na América Latina tem como objetivo assegurar a produção de commodities ou mercadorias semiprocessadas, que serão exportadas para a China”, destaca o relatório.
Contudo, o HSBC ressalta que há alguns fatores que podem tornar menos promissoras as perspectivas de exportações da América Latina para a China. Um dos principais obstáculos são as ondas de protecionismo comercial, que deriva da disputa cambial entre países para vender seus excedentes de produtos manufaturados ou básicos para seus parceiros no exterior. E há um histórico de políticas governamentais que visaram a prestigiar mais empresários locais, como a política de substituição de importações adotada pelo Brasil, especialmente na década de 1970.
– No Brasil, por exemplo, trocas internacionais eram limitadas a produtos que não poderiam ser fabricados internamente à época, petróleo e mais sofisticados bens de capital – relata o banco.
De acordo com a instituição, a busca por uma economia baseada no modelo de autarquia “limitou o acesso ao desenvolvimento tecnológico e levou companhias locais” a serem menos competitivas, pois se isolaram da concorrência internacional.
Segundo o banco internacional, boa parte dos países da América Latina tem registrado uma significativa redução da competitividade. E isto teria sido provocado pela combinação de excesso de liquidez global, junto com termos de troca comerciais muito favoráveis para os países da região, o que repercutiu na valorização das suas respectivas moedas. “O Brasil provavelmente está entre as mais fortes vozes contra o uso da depreciação competitiva (de moedas)”, como um meio que gerasse moedas mais fracas.
E por trás da posição do Brasil contra as desvalorizações competitivas de moedas, há o temor de autoridades de que o País esteja sendo vítima de um processo de desindustrialização. Para o HSBC, no entanto, o crescimento da produção de manufaturas no Brasil tem sido “tímida” em relação ao avanço da expansão do PIB, desde meados da década passada.
– Enquanto o governo brasileiro anunciou um abrangente pacote de medidas com intenção de acelerar o crescimento do investimento e produtividade, essas iniciativas demoram para gerar frutos, e a resposta de curto prazo pelo governo poderá incluir a introdução de mais barreiras comerciais – aponta o banco.