Será o caso do assentamento Vale da Esperança, a 130 quilômetros de Brasília, que tem 16 anos de existência e conta com 170 agricultores, sendo que 22 deles fazem parte de uma cooperativa.
– No começo, eles não acreditavam, aí, como estávamos em um grupo que não participava de associação nenhuma, demos o nome de grupo de Desagarrados. Então, se formou a cooperativa – explica Divina Moura, presidente da Cooperativa Mista do Vale da Esperança, que existe há cino anos.
– Para mim é ótimo porque aqui não tem outra opção para a gente, né? Com as frutas que nós fornecemos para cooperativa, distribuímos paras as escolas e temos uma renda – explica a assentada Cristina Barbosa.
A cooperativa chega a fornecer 600 quilos de polpa de fruta por semana para 32 escolas da região, além de cinco mil pães. Já as geleias e doces são vendidos em feiras. Para que tais produtos cheguem aos mercados, o ministério vai abrir a seleção dos projetos. Serão R$ 300 milhões, que devem beneficiar 90 mil famílias em todo o país.
– É um sonho dos assentados poder entregar os produtos sem ter atravessadores, direto no mercado, para poder chegar até o consumidor final – diz a chefe da divisão de Desenvolvimento do Incra-DF, Sandra Knupfer.
Mesmo perto da capital federal, os produtos não conseguem sair do município sem o selo de inspeção federal.
– Hoje, nossa maior dificuldade é a questão dos selos e do investimento na agroindústria para podermos melhorar a estrutura física, de produção. Eles [assentados] têm produção, mas precisam melhorar. Como vão processar essa produção para que possa chegar com valor agregado ao mercado? – questiona Sandra.
O secretário-executivo do MDA, Laudemir Muller, afirma que a medida do ministério visa apoiar a gestão dos empreendimentos da agricultura familiar em pontos como rotulagem, custos de produção, gestão e formalização dos empreendimentos de cooperativas, associações e microempresas.
De acordo com o presidente da Abras, Fernando Yamada, o foco inicial é atender os pequenos e médios mercados de Pará e Tocantins. O governo acredita que seja possível oferecer os produtos nos supermercados ainda no primeiro semestre deste ano.