As exportações da oleaginosa são a principal fonte de entrada de divisas ao país, para abastecer o escasso mercado cambial doméstico. Com uma produção estimada em 50 milhões de toneladas e um preço internacional ao redor de US$ 524 a tonelada (valor apontado pelo mercado na sexta-feira), a safra argentina de soja está estimada em US$ 26,2 bilhões, que representariam uma receita de US$ 9 bilhões para o Tesouro. Os US$ 17,2 bilhões restantes representam importante injeção de dólares ao mercado cambial, já que os exportadores são obrigados a vender no mercado doméstico as divisas obtidas com as vendas.
Intervenção do governo
Depois que o presidente da Sociedade Rural Argentina, Luis Etchevehere, disse à imprensa local que os produtores têm a intenção de fazer um locaute por tempo indeterminado, o governo revidou com insinuações de que poderia criar uma Junta Nacional de Grãos. Na prática, a junta tem o poder para fixar os preços e ser o único comprador dos produtores e autorizado a exportar as oleaginosas e cereais.
O presidente da Federação Agrária Argentina (FAA), Eduardo Buzzi, afirmou que essa possibilidade “nas mãos do kirchnerismo seria um perigo”. Ele explicou que os produtores rurais não estão pedido a desvalorização do peso para melhorar a competitividade do setor porque isso não solucionaria o problema. Buzzi disse que a reivindicação é para que o governo revise outras políticas, como o elevado nível de retenções.
A soja está taxada com alíquota de 35%. Além disso, no ano passado, os governos provinciais aumentaram os impostos territoriais rurais. Os produtores reclamam ainda das distorções na formação de preços provocadas pela intervenção oficial.
– O governo mostra uma mistura muito perigosa de inépcia e arrogância – afirmou Buzzi em entrevista a uma rádio portenha.