Queda do açúcar deve ser acompanhada por menor custo de produção

Preços do açúcar caem, mas os de fertilizantes, gasolina, maquinários também estão caindo, aponta consultoriaA queda dos preços do açúcar tende a persistir nos próximos meses, mas não necessariamente significará dificuldades para o setor sucroalcooleiro no mundo. De acordo com o diretor da consultoria inglesa LMC International, Martin Todd, a redução dos custos de produção tende a acompanhar essa desvalorização da commodity na Bolsa de Nova York (ICE Futures US).

– Você tem de olhar para as duas coisas juntas: os preços do açúcar caem, mas os de fertilizantes, gasolina, maquinários também estão caindo – disse ele, que participou nesta quarta, dia 20, do evento Agri & Food Day, promovido pelo Itaú BBA, em São Paulo.

Com relação ao etanol brasileiro, Todd afirmou que o aumento das exportações para os Estados Unidos dependerá da política energética elaborada pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA). Segundo ele, a demanda pelo biocombustível nos EUA tende a crescer em razão da política de Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS), que prevê o aumento do uso de biocombustíveis no país ao longo dos próximos anos. No entanto, essa procura pode ser preenchida por biodiesel ou etanol de milho, a depender das exigências da EPA, avaliou.

Na segunda, dia 18, a consultoria FCStone projetou que o Brasil poderá exportar até 2,6 bilhões de litros de etanol para os EUA em 2013. O número representa apenas 0,686 bilhões de galões dos 2,75 bilhões de galões dos chamados combustíveis avançados que o governo norte-americano pede para serem consumidos neste ano.

Na avaliação de Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA, o Brasil deveria se voltar para o mercado interno quando o assunto é etanol. Ele comentou que o produto perdeu competitividade nos últimos anos ante a gasolina e que exportações para os EUA, o principal importador, são reguladas pela EPA.

– O etanol mais competitivo ajuda o consumo interno, reduzindo o excedente de oferta, seja pelo aumento de área plantada [com cana], seja pelo aumento da produtividade – afirmou.

Figliolino disse que o setor está inseguro com as mudanças de regras estabelecidas pelo governo e que o Brasil deveria seguir a lógica de mercado.

– As margens estão próximas a zero, ninguém consegue investir. O setor precisa de uma taxa de retorno.

Segundo ele, as recentes alterações na política energética brasileira (reajuste de combustíveis e aumento da mistura de etanol na gasolina) até favorecem a demanda pelo biocombustível, mas ainda não estimulam o setor a investir. Ele diz que a capacidade instalada da indústria deixará de ser ociosa a partir da safra 2014/2015. Assim, se não houver investimento, a produção não crescerá e poderá ocorrer algum choque de oferta.

Levantamento feito pelo Itaú BBA mostra que 36% das usinas do Centro-Sul estão com pleno acesso a capital e que 29% apresentam endividamento adequado. Contudo, 16% precisam passar por algum tipo de recuperação e 18%, por processos de fusão ou aquisição. 

Agência Estado