Esse assunto será debatido no último dia da Expodireto Cotrijal – evento de agronegócio realizado na cidade de Não-Me-Toque (RS), de 4 a 8 de março -, numa promoção conjunta da Câmara dos Deputados, do Senado e da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Segundo a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que presidirá a audiência pública, os produtores brasileiros têm feito um trabalho excelente, equiparado ao dos maiores concorrentes, como os Estados Unidos, mas que se perde no pós-colheita devido à ineficiência de armazenagem, transporte e à demora dos governos em solucionar o problema de escoamento da safra.
– Para que o Brasil tenha uma estrutura viária como a dos americanos, por exemplo, é preciso investir R$ 177 bilhões para a construção de 9,6 mil quilômetros de novas rodovias, fazer a duplicação de 15 mil quilômetros, a pavimentação de 7,6 mil quilômetros e recuperação de pavimento de 28,7 mil quilômetros. Na região da Expodireto, entre Victor Graeff (RS) e Tio Hugo (RS), no coração da produção de soja, temos 16 quilômetros de estrada que estão inviáveis – alerta a senadora.
Uma das soluções seria a mudança para os modelos ferroviário e hidroviário, que se mostram eficazes em outros países. Nos EUA, 60% do transporte da safra é feito por rios, enquanto no Brasil o índice é de apenas 5%. Segundo Mauro Roberto Schlüter, professor de logística da Universidade Mackenzie, de Campinas (SP), o principal problema é a concentração de poucas empresas operando nos transportes por ferrovias e hidrovias:
– Qualquer pane causa um colapso no sistema de transporte brasileiro. Todos falam nesta mudança de matriz de transporte, mas existem variáveis que dificultam essa modificação, e o monopólio no serviço é uma delas.
Essa opinião é compartilhada por Fábio Trigueirinho, secretário geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que acrescenta ainda aos problemas a estrutura portuária deficitária.
– Nos últimos cinco anos, aumentamos ao menos 45 milhões de toneladas na produção brasileira de grãos, mas as estruturas são as mesmas – adverte.
Segundo Trigueirinho, com a adoção da lei 12.619/12, sobre a jornada de trabalho dos motoristas profissionais, o setor não teve tempo de se adequar às novas regras, o que encarece o frete. Só no trecho de 2,3 mil quilômetros de Sorriso, em Mato Grosso, até o porto de Paranaguá, no Paraná, o custo subiu 50% ante 2012, para R$ 290 por tonelada.
Com esse cenário, segundo estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o atraso na logística provoca um custo de 11,6% do PIB, ante 8,7% nos EUA – uma diferença de R$ 120 bilhões entre os dois países quando se trata de escoar a produção agrícola.
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