Por meio de portaria interministerial da Fazenda, Agricultura e Casa Civil, o governo autorizou a realização dos leilões de compra porque os estoques de milho da Conab estão praticamente zerados. A disparada dos preços do cereal no segundo semestre do ano passado, provocada pela quebra da safra norte-americana, tornou inviável a recomposição dos estoques públicos. O volume disponível foi utilizado para atender criadores das regiões Sul e Nordeste, onde a estiagem também frustrou a produção de milho.
Para evitar que se repitam os problemas enfrentados no ano passado no escoamento do cereal das zonas de produção do Centro-Oeste para o Nordeste, o governo autorizou que o preço do leilão será para o milho ensacado e entregue no local de atendimento do programa definido pela Conab. A venda em balcão tem três faixas de preços, de acordo com o volume adquirido: até três mil toneladas o preço é de R$ 18,12 por saca; de 3,1 mil a sete mil toneladas o preço é de R$ 21 por saca; e de 7,1 mil a 14 mil toneladas, o preço é de R$ 24,60. O limite de aquisição levará em conta o plantel de animais de cada produtor.
O presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), João Jorge Reis, diz que o programa de venda em balcão do governo não prejudica a atividade empresarial, pois somente as granjas do Ceará consomem 40 mil toneladas por semana. Ele observa que a venda em balcão “é um programa para atender as vítimas da seca, que não terá nenhum impacto no preço da carne de frango e reflexo na inflação, que é uma das preocupações do governo federal”. Na semana passada, o governo criou o Conselho Interministerial de Estoques de Alimentos (Ciep), para monitorar e administrar a produção de grãos.
Reis afirma que os criadores cearenses estão pagando entre R$ 42 a R$ 43 por saca pelo milho comprado em Mato Grosso, Goiás, sul do Piauí e Maranhão. A esperança do presidente da Aceav é que os Estados Unidos colham uma safra recorde de milho no segundo semestre, o que vai contribuir para baixar os preços do cereal no mercado brasileiro para a média histórica, para que o governo possa repor seus estoques e retomar os programas de subsídio ao frete para o Nordeste. Ele salienta que, em virtude da pressão nos custos, a avicultura cearense encolheu 10% a partir do segundo semestre do ano passado e está produzindo cinco mil toneladas de carne de frango por semana e 3,5 milhões de ovos por dia.