O Brasil embarcou quase 960 mil toneladas de soja em grão no mês passado, o que representa um queda de 35,4% na comparação com fevereiro de 2012. Atraso no plantio e na colheita, problemas com o clima e o aumento dos embarques de milho são apontados como responsáveis pela queda das exportações.
– A gente tinha muito milho para exportar ainda. A exportação comercial ficou acima de 22 milhões de toneladas. Por dificuldades logísticas, de embarque, sobraram ainda 1,5 milhão de toneladas de milho para exportar – afirma o analista de mercado Bruno Perottoni.
Segundo ele, o panorama deve começar a mudar já a partir deste mês.
– Boa parte da safra da soja está chegando aos portos para ser exportada. E o movimento daqui para frente vai só aumentar.
O secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fabio Trigueirinho, garante que, neste ano, o Brasil será o principal exportador mundial, com 38,5 milhões de toneladas de grãos, 15 milhões de toneladas de farelo e 1,7 milhão de toneladas de óleo para embarcar.
Da safra recorde de 85 milhões de toneladas de soja, 40% já foi colhida. Nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), o intenso movimento de caminhões e navios já pode ser percebido e a falta da infraestrutura adequada deve afetar os produtores rurais mais uma vez.
– Hoje, quase 200 navios aguardam embarques de soja no Brasil. Já começou a se formar aquela fila e a questão logística começa a ‘pegar’. Isso vai impactar os preços ao produtor pela questão do prêmio – analisa Perottoni.
De acordo com Trigueirinho, o ano poderia ter sido muito mais satisfatório para a cultura se não fosse o alto custo cobrado pela ineficiência logística.
– Este ano não tem muito mais remédio. A situação da logística está dada, nós temos agravante da nova regulamentação da profissão do motorista. Então, vai ser um ano de abundância de produção, preços excelentes e custos de logística extremamente altos, estratosféricos. Uma parte da renda do setor só vai ser transferida para pagamento da ineficiência da logística. Nenhum país consegue conviver com essa situação – afirma o secretário da Abiove.
A duplicação da BR-163, principal rota de saída da soja produzida em Mato Grosso, e os investimentos em portos da Região Norte são apontados como essenciais para diminuir os problemas de logística.
– Está na hora de tomar vergonha na cara e acabar com esta situação caótica e programar melhorias para escapar desta armadilha. Se não, daqui a pouco, baixa o preço e nós não vamos conseguir produzir nem milho, nem soja, porque com este nível de custo de logística, estamos perdendo muito dinheiro – acrescentou Trigueirinho.