Confirmada oficialmente nessa segunda, dia 11, pela Fundação de Economia e Estatística (FEE-RS), a queda no PIB gaúcho de 2012 pode ser atribuída à seca que se prolongou por cinco meses, a partir de novembro de 2011. A produção da soja teve queda de 49,3%, seguida de estragos no milho (-45,3), e até no trigo (-32%). Outra cultura indispensável, o feijão, rendeu 28,2% menos na safra passada.
Estiagens são recorrentes, castigam os gaúchos a intervalos mais ou menos regulares. A novidade é o esforço para implantar sistemas de irrigação em lavouras e pastagens. O presidente da Comissão de Irrigantes da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), João Augusto Telles, diz que 125 mil hectares dispõem de irrigação por pivô, aspersão ou gotejamento. Mas isso é apenas 2% da área cultivada.
Telles destaca que a área irrigada vem crescendo, principalmente a partir de 2004, quando havia somente 15 mil hectares protegidos. No entanto, reclama que os produtores estão inseguros diante de exigências ambientais e burocráticas.
– As propriedades deveriam ter ao menos 30% da sua área irrigada. Hoje, a água é o insumo número 1 – diz o técnico da Farsul.
Sem prevenção, o prejuízo foi inevitável. Com a agropecuária arrasada pela seca, a performance do PIB gaúcho foi inferior à do Brasil, que cresceu 0,9% em 2012. O resultado é que o gaúcho ficou mais pobre: a renda per capita caiu 2,2%, estacionando em R$ 27.514 ao ano. A frustração com a agropecuária se espalhou a outras áreas. A que mais sentiu foi a indústria de transformação, com queda de 4,5% no PIB.
Apesar do susto, a FEE não considera grave a queda de 1,8%. Os agricultores mantiveram a renda, o preço dos grãos ficou alto e há crédito para investir. Martinho Lazzari, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da entidade, prevê que o PIB de 2013 irá se recuperar com a previsão de colheita recorde de soja:
– Para este ano, haverá efeitos positivos na economia do Estado.
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