Emergentes consumirão 35% do café global em 2020, aponta Illy

Crescimento da classe média deve ser um dos principais fatores a impulsionar o aumento da participação desses países no consumo mundialOs países emergentes, liderados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (que formam o Brics), devem representar cerca de 35% do consumo global de café, em comparação com atuais 20%. O crescimento da classe média deve ser um dos principais fatores a impulsionar o aumento da participação desses países no consumo mundial, conforme avaliação do CEO da torrefadora italiana illycaffè, Andrea Illy, que está no Brasil para entrega de prêmio aos melhores produtores de café, em concurso anual fei

Estima-se que o consumo de café em 2020 no mundo deva ficar na faixa entre 158,90 milhões de sacas de 60 quilos e 173,60 milhões de sacas, com média de 166,10 milhões de sacas. Em 2012, o consumo está estimado em 142 milhões de sacas, segundo a Organização Internacional do Café (OIC).

Illy informou que cerca de 1 bilhão de pessoas deverão saltar para o nível de classe média em países emergentes até 2020. Essa população, com mais renda, poderá desfrutar de estilo de vida global, “na qual se inclui a apreciação de um bom café”, comentou.

Além disso, conforme Illy, existe a tendência de aumento do consumo fora do lar, com maior número de cafeterias nas cidades.

– Triplicou o número de lojas de café no mundo nos últimos dez anos – declarou.

Outro fator que impulsiona o consumo de café em países emergentes é o avanço das indústrias na tecnologia de produção do café solúvel (instantâneo).

– Eles [a indústria] encontraram o ‘melhor sabor’ para os povos que habitualmente tomam chá, principalmente.

O CEO da illycaffè pondera, no entanto, que a indústria de solúvel tende a elevar a utilização de grãos robusta em seus blends, que são menos valorizados do que o arábica.
 
Illy salienta que o Brasil tende a contribuir menos para o crescimento do consumo mundial de café nos próximos anos, pois está próximo da saturação, com índice per capita de cerca de seis quilos por ano, maior do que na Itália, na França e nos Estados Unidos.

– O ritmo de crescimento do consumo no Brasil tende a diminuir, mas se mantêm as oportunidades de expressivo crescimento no segmento de alta qualidade, de maior valor agregado – destaca.

Preço baixo do café arábica ameaça produção global, prevê OIC

A produção mundial de café pode diminuir, pois a queda dos preços do arábica deve incentivar produtores a migrar para commodities mais lucrativas ou vender suas terras para empreendimentos imobiliários, projetou o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Roberio Oliveira Silva, nesta quinta, dia 14.

– Tudo representa competição para o café no momento – afirmou.

A oferta ampla de café arábica tem empurrado o prêmio do arábica ante o robusta, variedade mais barata. Em 7 de fevereiro, a diferença de preço entre os futuros de arábica e robusta atingiu o seu ponto mais estreito desde abril de 2009, em 45,54 centavos de dólar por libra-peso. O arábica é negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), enquanto o robusta é cotado na Bolsa de Londres (Euronext Liffe).

O preço baixo atual do arábica significa que agricultores podem ser facilmente atraídos por culturas mais rentáveis, disse Silva.

– A safra recorde de 50,8 milhões de sacas do Brasil em 2012/2013, aliada à colheita de 2013/2014, estão pesando sobre o mercado. A demanda fraca em tradicionais mercados consumidores de café, que crescem em torno de 1% ao ano, também contribui para o sentimento baixista generalizado – de acordo com o executivo.

No Brasil, culturas como laranjas e cana-de-açúcar competem com o café. Na África, o mercado imobiliário é o maior concorrente por área, conforme Silva.

– Os governos precisam fazer mais para ajudar cafeicultores, e incentivos financeiros devem ficar intactos para os produtores continuarem produzindo café – acrescentou. 

Agência Estado