Produtores de etanol dos EUA buscam trigo como matéria-prima para o biocombustível

De acordo com economista do país, no entanto, tendência que ocorre pelo desconto do grão em relação ao milho não deve persistir por mais do que alguns mesesProdutores de etanol dos Estados Unidos estão buscando trigo como matéria-prima para o biocombustível. O movimento é incomum, e ocorre pelo desconto do grão em relação ao milho. No entanto, de acordo com Jay O'Neil, economista sênior da Universidade do Kansas, a tendência não deve persistir por mais do que alguns meses.

Os contratos futuros do trigo costumam ser negociados com prêmio em relação ao milho, mas os spreads se inverteram nos contratos de março e maio na Bolsa de Chicago (CBOT), fazendo com que produtores buscassem trigo em vez do milho para o etanol. O contrato março do milho era negociado com prêmio 40 cents/bushel sobre o trigo na última segunda, dia 11.

– Alguns fabricantes de etanol estão estudando migrar para o trigo, porque economicamente parece atrativo, mas eles precisarão assegurar volume suficiente para pelo menos três meses para fazer isso funcionar – disse O’Neil.

A biorrefinaria POET, por exemplo, tem oferta de trigo soft vermelho de inverno para usar em sua unidade em Indiana. Produtores de etanol do Kansas e Nebraska também demonstraram interesse em comprar trigo, de acordo com o economista. É tecnologicamente viável extrair amido do trigo para fazer etanol, mas o estoque tem de ser volumoso e os preços, viáveis, afirmou O’Neil.

A área com milho deve ultrapassar os 95 milhões de hectares neste ano, o que deverá reduzir os preços ao longo dos próximos meses. No ano passado, os EUA cultivaram 97,2 milhões de hectares, mas apenas 87,4 milhões foram colhidos, devido à seca que atingiu o país. 

A previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) é de que os estoques de milho dos EUA encerrem o ano comercial, em 31 de agosto, em 16 milhões de toneladas, o menor volume em 17 anos. O relatório do USDA da semana passada mostrou previsão de crescimento das importações de milho pelos EUA no ciclo 2012/13 em 25%, para 3,18 milhões de toneladas. Os EUA são o maior exportador de milho do mundo, mas estão importando o grão após a seca na safra 2012.

Não são apenas os produtores de etanol que sofrem com os baixos estoques de milho. Produtores de ração animal da costa leste também estão importando o grão, informou O’Neil.

– Quase toda a semana chega milho da América do Sul em portos como Wilimington, mas as coisas vão mudar em alguns meses – previu.

O clima tem sido favorável ao plantio do milho em muitas partes do Meio-Oeste americano, então o prêmio do milho sobre o trigo não deve durar muito tempo, ainda de acordo com O’Neil. O vencimento setembro na CBOT já apresenta um significativo desconto de 128 cents/bushel sobre o trigo.