Abit pede dois meses de alíquota zero para algodão importado

Objetivo é permitir à indústria nacional se abastecer com o produto importado até a entrada da safra brasileira, que começa a ser colhida no fim de maioA Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apresentou na quarta, dia 27, em reunião da câmara setorial do algodão, vinculada ao Ministério da Agricultura, a proposta de isenção por dois meses da Tarifa Externa Comum (TEC) nas importações da fibra fora dos países do Mercosul. O diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, explicou que o objetivo é permitir à indústria nacional se abastecer com o produto importado até a entrada da safra brasileira, que começa a ser co

Pimentel calcula que o volume para dois meses de consumo seria de 200 mil toneladas de fibra e lembra que a TEC de 10% foi zerada em outras ocasiões, como entre outubro de 2010 e maio de 2011, para atender situações pontuais de abastecimento, sempre com a concordância dos produtores e exportadores. No ano passado, a indústria se abasteceu apenas com o produto nacional.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso, afirmou que a entidade vai analisar o pleito da Abit de suplementar a oferta com o produto nacional. A Abrapa reviu sua estimativa de safra, de 1,4 milhão de toneladas de pluma para 1,2 milhão de toneladas, em função do ataque da lagarta Helicoverpa nas lavouras, que foi mais sério no oeste da Bahia, onde os prejuízos são calculados em R$ 1 bilhão.

Pinesso disse que o setor aguarda para quinta, dia 28, a publicação da portaria interministerial da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente, que libera a importação de inseticidas que, em outros países têm se mostrado, eficientes no controle da helicoverpa. Os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) descobriram que a lagarta não é da espécie “zea” (lagarta da espiga do milho), como foi identificada no início, e sim a “armigera”, que até então não existia no Brasil.

Novo preço mínimo

Outro tema debatido na reunião da câmara setorial foi o novo preço mínimo de garantia. Os produtores reivindicam um aumento dos atuais R$ 44,50/arroba para R$ 61,50/arroba. Pinesso argumenta que o valor mínimo não é corrigido há 10 anos e não cobre mais os custos de produção.

Sem confirmação oficial, comentários do setor dão conta de que o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, teria assinado portaria com a nova proposta de preço mínimo, que ficaria por volta de R$ 56,00/arroba. A informação, porém, só deve ser confirmada em maio, quando a presidente Dilma Rousseff divulgar o plano de safra 2013/2014.

O empresário rural Eraí Maggi, que comanda o Grupo Bom Futuro, um dos maiores produtores brasileiros de algodão, disse à reportagem que o aumento do preço mínimo de garantia irá incentivar os agricultores a aumentar suas vendas para o mercado interno e beneficiar a indústria nacional. Ele explica que atualmente os cotonicultores estão fechando contratos de exportação para safra 2013/2014 a preços que apenas cobrem o custo de produção, “pois o importante é assegurar o pagamento dos fertilizantes e defensivos que também são comprados antecipadamente”.