Parlamentares pedem agilidade no julgamento de ações do Código Florestal e de reservas indígenas

Frente Parlamentar da Agropecuária contesta ações da Procuradoria-Geral da República, que modificam o Código, e quer limite do poder da Funai na demarcação de terrasDeputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) compareceram ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça, dia 2, para solicitar urgência no julgamento de duas ações que podem interferir a produção agrícola do país. Deputados tiveram reuniões com ministros do STF para pedir agilidade nos processos que envolvem o Código Florestal e a criação de reservas indígenas.

Segundo os parlamentares, o julgamento de um recurso sobre a criação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, deve ser agilizado, pois a demarcação da área poderá servir de modelo para outros casos no país. A outra questão, referente às Ações diretas de inconstitucionalidade (Adins), de autoria da Procuradoria-Geral da República (PGR), que questiona 23 artigos do Código Florestal, pode influenciar na produção de alimentos, segundo os políticos. Os deputados defendem a derrubada das Adins e a manutenção da lei da maneira em que foi aprovada pelo Congresso Nacional.

– Se passarem esses 23 artigos, a agropecuária brasileira termina. Dá para dizer que nós perderemos mais de 50% da produção do Brasil se cumprirmos o que a Procuradoria-Geral da República pretende nessas Adins. A gente está trazendo aos ministros do STF os riscos que temos, os prejuízos econômicos e sociais caso essas Adins tenham sucesso – diz o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS).

Já sobre o recurso apresentado pelos agricultores, que produziam onde hoje está a reserva indígena Raposa Serra do Sol, as lideranças afirmam que o resultado servirá como balizador para novas demarcações no país. A intenção é limitar o poder na Fundação Nacional do Índio (Funai).

–  Na medida que ele [ministro] julgar o caso pendente, fará uma orientação jurídica para todo Brasil. A Constituição Federal é muito clara. Nessas demarcações, um antropólogo implanta determinada prova unilateral e diz: “aqui foi terra de índio”, e aí começa todo o processo demarcatório, sem ouvir o contraditório. Então, está havendo uma grande injustiça – destaca o deputado federal Vilson Covatti (PP-RS).

A situação das reservas indígenas do norte do Rio Grande do Sul, que somam 30 mil hectares, também é acompanhada de perto. Os parlamentares acreditam que o atual modelo beneficia poucos.

– Tive a oportunidade de visitar essas áreas e verificar que a demarcação não serviu para ninguém. Não serviu para os indígenas, que têm lá quatro ou cinco caciques, que mandam e têm carro, têm casa na cidade; para o índio que não recebe nada e está pobre, miserável, andando pelas ruas e pedindo, com uma quantidade enorme de terra; e para os três, quatro ex-proprietários de terras, que arrendam e estão ricos nas áreas indígenas. Então, tem alguém ganhando em detrimento da ampla maioria – aponta o deputado federal Giovani Cherini (PDT-RS).

Em resposta às acusações feitas pelos deputados de que a Funai estaria elaborando laudos fraudulentos a fim de favorecer certos segmentos da sociedade e ampliar as áreas indígenas já existentes, a entidade defende que não cede a pressões e não cria áreas indígenas, mas reconhece a ocupação tradicional desses povos, fundamentada em critérios antropológicos e socioambientais. Além disso, “as ações da Funai têm respaldo na legislação indigenista nacional, que está de acordo com leis e protocolos internacionais relativos a direitos humanos e direitos de minorias étnicas”.

Nesta quarta, dia 3, a FPA se reunirá com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já que a Funai é ligada ao ministério, e também com o advogado-geral da União, Luís Adams, para tratar das demarcações de terras indígenas.

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