Produção instável de trigo na Argentina gera aumento de preços da farinha no Brasil

Para conter alta no preço do derivado, governo reduziu a alíquota de importação de países fora do MercosulA política brasileira de dependência das importações de trigo para abastecimento do mercado interno tem sofrido impactos em função da instabilidade da produção na Argentina. Originalmente, a estratégia para a commodity limitava a entrada de trigo do hemisfério norte pela cobrança de uma alíquota de 10%, fortalecendo o comércio com os países membros do Mercosul.

No entanto, a área de produção da Argentina vem caindo há anos em razão de sua política de privilegiar o mercado interno, que restringe a disputa por trigo entre os moinhos locais e traders e reduz a rentabilidade para os produtores. Segundo o Ministério da Agricultura argentino, a área plantada sofreu um decréscimo de 52% nos últimos 11 anos.

No curto prazo, a oscilação é ainda maior: na safra de 2012/2013, a variação foi negativa em 15% em relação ao ano anterior. Como consequência, a exportação para o Brasil encolheu 36% em volume nos últimos 12 meses. Historicamente, a Argentina é responsável por 80% das importações brasileiras de trigo.
 
Tamanha volatilidade refletiu-se no preço dos derivados. O preço da farinha sofreu aumento de 42% nos últimos 12 meses em São Paulo, segundo a AF News. Embora parte do aumento também seja creditada à elevação do preço do trigo no mercado internacional, à variação do dólar e redução da produção nacional, este comportamento de fortes altas na segunda metade de 2012 é atribuído ao nervosismo do mercado diante das incertezas de oferta do país platino.

O governo brasileiro reagiu com a ampliação da cota isenta de alíquota de importação de países como os Estados Unidos e Canadá. A medida entrou em vigor no início de abril e já começa a fazer efeito na formação de preços do mercado local. Os preços de referência de exportação do trigo argentino sofreram redução de 6,25% nos últimos 30 dias, ao mesmo tempo em que o preço norte-americano aumentou em 0,6%.