O sindicalista argumenta que haveria conflito de interesses na indicação, porque Camargo Neto, até o início deste mês, era presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), “um dos setores produtivos que sofrem fiscalização, por meio do Serviço de Inspeção Federal, do Ministério da Agricultura”.
Wilson de Sá afirma ter enviado correspondência ao ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e à presidente Dilma Rousseff, “alertando sobre o risco” da indicação de profissionais da iniciativa privada para comandar a Defesa Agropecuária. O sindicato espalhou nesta segunda, dia 22, faixas na Esplanada dos Ministérios com a frase “Ministério da Agricultura não é empresa do agronegócio”.
O presidente da Anffa Sindical defende a indicação de um técnico do quadro de servidores para comandar a Defesa Agropecuária e critica o atual secretário Ênio Marques, que estaria “deixando em segundo plano as questões internas”. Wilson de Sá afirma que o secretário prioriza as negociações para a retirada de embargos impostos às carnes, “quando deveria deixar o assunto a cargo dos adidos agrícolas do Ministério da Agricultura e dos diplomatas do Itamaraty”.
Wilson de Sá relata ainda que o concurso público para contratar 172 fiscais agropecuários, aprovado pelo Ministério do Planejamento, frustrou as expectativas da categoria, que esperava a contratação de pelo menos 600 técnicos para recompor o quadro de pessoal. Ele observa que a implantação do porto 24 horas, uma das medidas adotadas para superar os entraves logísticos às exportações, vai acentuar ainda mais a deficiência de profissionais na Defesa Agropecuária.
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Outro lado
O ex-presidente da Abipecs Pedro de Camargo Neto afirmou que recebeu com surpresa a manifestação pública da Anffa Sindical.
– Nesses anos todos de relacionamento com a entidade sindical, e mais do que isso, com o quadro de Fiscais Federais Agropecuários, imaginava que me conheciam melhor – disse o executivo, que desconversou sobre uma possível indicação para o cargo de Secretário de Defesa Agropecuária.
Camargo Neto lembra que, além da Abipecs, presidiu o Fundo de Desenvolvimento da Pecuária de São Paulo (Fundepec) e foi secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura. Ele desafiou a Anffa Sindical a mostrar um único caso em que, no comando das entidades e como secretário, tenha optado por rumos que “feriram a independência nas decisões técnicas”.
