Para Unica, 30% das usinas de etanol não terão condição de acessar o crédito anunciado pelo governo

Governo anunciou a redução da incidência de PIS e Cofins para o etanol e divulgou uma nova linha de crédito para o setorA presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, afirmou nesta terça, dia 23, após o anúncio do governo de medidas de incentivo para o setor sucroenergético, que 30% das usinas brasileiras não serão beneficiadas com a redução das taxas de juros dos financiamentos para renovação de canaviais e estocagem de etanol. Segundo a executiva, essas agroindústrias enfrentam dificuldades financeiras e não terão condições de se qualificar para ter acesso ao crédito.

Elizabeth apontou que, em função das margens negativas, mais 12 usinas devem suspender atividades neste ano e irão se somar às 40 que paralisaram processamento nos últimos cinco anos. Ela disse que o fechamento não implica risco de desabastecimento, porque toda a cana-de-açúcar disponível será processada e a produção de etanol deve crescer de 21 bilhões para 25 bilhões de litros.

A presidente da Unica considera que a redução das taxas, de 8% para 5,5% ao ano, no caso das lavouras, e de 9,5% para 7%, no caso da estocagem, irá elevar a demanda pelos recursos disponibilizados pelo governo para o setor. Dados divulgados nesta semana pelo Ministério da Agricultura mostram que, de julho do ano passado a março deste ano, as usinas tomaram apenas R$ 135 milhões (6,8%) dos R$ 2 bilhões programados para estocagem e R$ 944 milhões (39,3%) para renovação e ampliação dos plantios com cana.

No caso da desoneração dos preços do etanol, Elizabeth afirmou que os benefícios serão distribuídos entre o consumidor, o distribuidor e o produtor. Ela salientou que, por enquanto, é impossível calcular o impacto da desoneração sobre preço final do etanol, em virtude da competitividade.

– Vai depender da ação dos consumidores e das relações entre produtores e distribuidores.

Na opinião dela, existem outras medidas que podem ser aprovadas pelo governo, como desoneração de outros tributos, mas destacou que o importante “é olhar o longo prazo”. Ela observou que o setor precisa crescer muito nos próximos anos para atender à demanda, mas ressaltou que os investimentos de longo prazo dependem de “regras estáveis e previsíveis, principalmente em relação à política de preços dos combustíveis”.

De acordo com a executiva, a presidente Dilma Rousseff, na reunião da noite de segunda, dia 22, concordou que o setor precisa de investimentos em ganhos de eficiência e competitividade, e garantiu apoio e continuidade das discussões sobre a adoção de novas medidas.

Elizabeth  ainda ressaltou que as medidas “são as possíveis no momento” e ajudam na competitividade do etanol. Ela observa que “as medidas por si não resolvem o problema, mas iniciativas como a desoneração do PIS/Cofins estão na direção correta”. Ela afirmou que as melhores condições de financiamento para renovação de canaviais ajudarão a recuperar a produtividade e a eficiência das lavouras. Ela também destacou o financiamento à expansão das lavouras, pois a produção agrícola é um fator limitante, e a indústria trabalha com ociosidade. Segundo ela, são medidas que ajudam na competitividade do setor e aliviam pressão sobre as usinas.

Agência Estado