Balança comercial brasileira registra pior resultado para o mês de abril

Perda de competitividade no mercado internacional, câmbio desfavorável e sazonalidade foram apontados pelo ex-ministro Welber Barral como influências para o resultado negativoA balança comercial brasileira fechou com o pior resultado em abril dos últimos anos, com déficit acumulado de mais de seis bilhões de dólares nos quatro primeiros meses do ano. No agronegócio, no entanto, o resultado foi positivo e o destaque ficou com o setor de carnes.

Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O resultado negativo de abril chega quase a R$ 1 bilhão (-US$ 994 milhões), sendo que o aumento da importação de petróleo contribuiu para o rombo recorde da balança comercial.

– A balança comercial brasileira já teve grandes déficits no passado, fundamentalmente temos uma importação maior que a exportação. Nos últimos 10 anos, isso foi equilibrado com a balança do mercado internacional e era extremamente positivo para as exportações brasileiras, inclusive com a elevação de preços de commodities. Nos últimos dois anos, houve uma queda na exportação e aumento de importação. Nós perdemos competitividade no mercado internacional, o câmbio não é favorável e há também o fenômeno de sazonalidade, que é normal no Brasil, que faz com que se exporte menos no começo do ano e mais na metade do ano. Já era para termos um resultado melhor – explica o ex-ministro de Comércio Exterior, Welber Barral.

Os principais setores do agronegócio, mais uma vez, fecharam o mês no positivo, mas, segundo Barral, o resultado poderia ter sido melhor.

– O setor de agronegócio foi fundamental nos superávits que o Brasil teve nos últimos anos, até de US$ 46 bilhões, em 2006/2007, isso foi positivo. A quantidade exportada era melhor por causa dos preços do mercado internacional. Neste ano, você teve queda de preços de produtos do mercado internacional e o problema de logística que dificulta a quantidade de exportação da safra. É uma exportação menor do que era no passado. Isso deve melhorar nos próximos meses, principalmente por causa da soja – completa.

N contramão desse resultado está o setor de carnes, que teve um balanço positivo. Foram 18,7% de crescimento neste quadrimestre em relação ao mesmo período do ano passado.

As exportações de carne de frango apresentaram alta de 9,8% em receita e queda de 6,4% em volume. O setor de suínos registrou resultado negativo, com recuo tanto na receita quanto no volume. O destaque positivo ficou por conta da carne bovina, sendo que os embarques de subiram 37,6%, passando de 69,2 mil para 95 mil toneladas. A receita cambial ultrapassou US$ 436 milhões, avanço de 27,3%.

– A perenidade de ofertas, a diversidade de cortes, o cardápio de ofertas, de produtos. as entregas, os prazos e o bom relacionamento comercial fizeram com que mantivéssemos os bons números do ano passado. Mercados como Rússia, Hong Kong, Chile, isso tudo fez com que chegássemos a este patamar e esperamos um recorde de R$ 6 bilhões – explica o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

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