Ministério Público realiza operação contra adulteração de leite no Rio Grande do Sul

Para aumentar o lucro, fraudadores misturavam água e ureia ao leite durante o transporte do produto. Ordens de prisão estão sendo cumpridas em três cidades do EstadoO Ministério Público do Rio Grande do Sul, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Receita Estadual e da Brigada Militar, desencadeou nesta quarta, dia 8, a Operação "Leite Compen$ado", que apura adulteração no leite no Estado, com o cumprimento de 10 mandados de prisão e oito de busca e apreensão nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina.

Segundo a investigação, para aumentar o lucro, fraudadores misturavam água e ureia ao leite. O esquema ocorria durante o transporte do produto, antes de o leite chegar à indústria. Até o final desta manhã, oito pessoas haviam sido presas.

As ordens de prisão estão sendo cumpridas nas cidades de Horizontina, no Noroeste, em Ibirubá, no Norte, e em Guaporé, na Serra. O Ministério Público suspeita que o esquema possa ter adulterado até 100 milhões de litros nos últimos 12 meses.

As investigações, realizadas pelas Promotorias de Justiça Especializada Criminal e de Defesa do Consumidor de Porto Alegre, em conjunto com o Ministério da Agricultura, mostram que cinco empresas de transporte de leite adulteraram o produto cru entregue para a indústria. Uma das formas de adulteração identificadas é a da adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição, na proporção de 1 quilo deste produto para 90 litros de água e mil litros de leite.

A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo informações da Rádio Gaúcha, do Rio Grande do Sul, o risco é ainda maior porque atinge todos os derivados do leite e o produto adulterado é encaminhado também para São Paulo e Paraná.

A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que mesmo depois dos processos de pasteurização, persiste no produto final. Com o aumento do volume do leite transportado, os “leiteiros” lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro.

As empresas investigadas transportaram aproximadamente 100 milhões de litros de leite entre abril de 2012 e maio de 2013. Desse montante, estima-se que um milhão de quilos de ureia contendo formol tenham sido adicionados. Amostras coletadas no decorrer da investigação em supermercados de Porto Alegre apontaram fraude em 14 lotes de leite UHT.

Sindicato das indústrias de leite do RS diz que lotes adulterados foram retirados do mercado

O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat), em nota à imprensa, diz que todos os lotes com problemas já foram retirados do mercado.

“Todos os lotes identificados com problemas já foram retirados do mercado e não se encontram mais à disposição do consumidor. Os estoques disponíveis no varejo estão aptos para o consumo humano.”

Ainda na nota, o sindicato condenou a adulteração de leite sob investigação do Ministério da Agricultura e do Ministério Público e disse já estar acompanhando a investigação.

“O sindicato, cujas indústrias associadas foram prejudicadas pela adulteração, acompanha desde o início o trabalho realizado há meses pelo Ministério da Agricultura e Ministério Público, mantido sob sigilo pelas autoridades em razão da natureza da investigação. O Sindilat/RS confia na apuração dos fatos e na responsabilização dos culpados pela fraude investigada pelo Ministério da Agricultura e pelo Ministério Público.”

Confira lista atualizada divulgada pelo MP com os lotes das marcas nas quais a fraude foi comprovada:

O MP frisa que a empresa Latvida foi interditada na manhã desta quarta e proibida de comercializar qualquer tipo de produto. A interdição se deve ao descumprimento de decisão judicial que determinou a não comercialização, por parte da empresa, dos leites UHT a partir de 1º de abril deste ano.

– Italac
Integral
Lotes L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1

– Italac
Semidesnatado
Lote L12KM1

– Bom Gosto/Líder
UHT Integral
Lote TAP1MB

– Mumu
UHT Integral
Lote 3ARC

– Latvida
UHT Desnatado (com fabricação em 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013)

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