Preço mínimo do café está fora da realidade, diz presidente da Faesp

Segundo ele, o custo médio de produção alcança R$ 360/saca e, dependendo da região, esse valor pode subir para até pouco mais de R$ 400/sacaO presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, afirmou nesta quinta, dia 9, que o preço mínimo do café arábica, definido pelo governo em R$ 307 a saca, "está fora da realidade". Segundo ele, o custo médio de produção alcança R$ 360/saca e, dependendo da região, esse valor pode subir para até pouco mais de R$ 400/saca.

– Estou abrindo um processo de lógica do sistema econômico, porque nós conhecemos café. Não gera nenhum risco ao governo dar um preço justo para a saca do café, um preço de equilíbrio de garantia. Não é justo para o produtor – destacou Meirelles.
 
O coordenador da mesa diretora de café da Faesp, Cláudio Masson, acrescentou que a decisão do governo contrariou expectativas. De acordo com ele, o governo precisará agora definir políticas para socorrer o produtor, ou “provavelmente o setor entrará em colapso”.

Produtores de café se reuniram nesta quinta na Faesp com representantes do governo e pediram a rápida liberação de financiamentos para a safra 2013. Cafeicultores paulistas sugeriram, ainda, que o governo faça leilões de opção de venda. Masson salientou que, da última vez que esses leilões foram realizados, o governo não precisou comprar o café.
 
Edilson Alcântara, diretor do departamento de café do Ministério da Agricultura, informou que os votos para financiamento da colheita, custeio e estocagem da safra de café devem ser apresentados na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para a última quinta de maio.

Alcântara disse esperar que os recursos estejam disponibilizados a partir da segunda quinzena de junho aos produtores, mas ponderou que a votação do orçamento geral da União atrasou neste ano e “nada se faz na Esplanada sem orçamento”.

Com relação aos mecanismos de apoio à produção, ele reforçou que o governo tem se reunido com o setor produtivo, com o objetivo de construir uma política de renda. Na sequência, o Ministério da Agricultura vai discutir com a Fazenda a disponibilidade de recursos para implementar essas políticas.

– Aparentemente, o que o setor produtivo considera ideal nesse primeiro momento são leilões de Pepro (prêmio equalizador pago ao produtor).

Enquanto produtores de São Paulo pedem realização de contratos de opção, outras regiões demandam leilões de Pepro.

– O importante não é que seja opção nem Pepro, será um conjunto de medidas. Vamos estimular estocagem e fortalecer as cooperativas – disse Alcântara.

O representante do Ministério destacou que os produtores brasileiros precisam encontrar saídas para se proteger da oscilação de preços do mercado.

– O ideal é que o produtor se proteja no mercado de opções para que ele possa ter um seguro de preço, para que possa produzir. É preciso criar formas e incentivos do governo, do mercado privado, para que ele possa se proteger. Se estiver protegido, o efeito de oscilação diminui para a renda dele.

Um novo estudo elaborado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) aponta que o novo preço mínimo do café não cobre os custos de produção. Segundo a entidade, o cafeicultor gasta R$ 336,86 para produzir uma saca de 60 quilos.

– Não existe metodologia ou embasamento para este número. Nós estamos esperando que o governo apresente este número de R$ 307. Precisamos que o governo coloque mecanismos para que o produtor possa vender por um preço justo, que hoje não existe – enfatizou o presidente da Comissão de Café da CNA, Breno Mesquita.

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