Projeto percorre 30 municípios de MT e discute os principais temas da cadeia produtiva da pecuária

Em série de reportagens, o Canal Rural mostra a força da pecuária extensiva, a redução do rebanho confinado no Estado e a preocupação dos pecuaristas da região amazônica com as indefinições jurídicas quanto ao Código FlorestalUm projeto da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o Acrimat em Ação, deve passar por 30 municípios produtores de gado. O Canal Rural mostra, a partir desta segunda, dia 20, uma série de reportagens sobre a força da pecuária extensiva, a redução do rebanho confinado no Estado e a preocupação dos pecuaristas da região amazônica com as indefinições jurídicas quanto ao Código Florestal, temas debatidos pela Associação durante o projeto.

O extremo norte de Mato Grosso é região própria para a pecuária extensiva. As pastagens vingam com vigor mesmo no inverno, graças ao regime de chuvas de dois mil milímetros por ano. Confinar é pratica isolada, que alguns fazem apenas para dar acabamento à carcaça. Falta de estrutura, logística e relevo mantêm a agricultura longe daqui e reforçam a vocação para a pecuária a pasto.

– O nosso acabamento é totalmente a pasto. O nosso é o verdadeiro boi verde – afirma o prefeito de Apiacás, Adalto Zago.

O confinamento também vem sofrendo redução no Estado. No primeiro levantamento do ano, realizado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em parceria com a Acrimat, houve queda de 12% no número de animais confinados: 809,5 mil animais devem ser terminados no cocho, sendo que, em abril de 2012, a intenção era terminar cerca 929,9 mil animais em confinamento.

A pesquisa faz parte dos três levantamentos encomendados pela Acrimat, sendo o primeiro em abril, o segundo em julho e o fechamento em novembro. Mais um motivo para os produtores do chamado Nortão seguirem na pecuária extensiva.

– Nós somos uma região produtora de animais de cria e recria que daqui migram para outras regiões produtoras de grãos e que temos grandes confinamentos, como a região de Sorriso, de Lucas [do Rio Verde] e de Sinop – conta o produtor Ademir Brunetto.

Junto com a comitiva do Acrimat em Ação podemos constatar que ser pecuarista na região Amazônica requer uma série de cuidados ambientais. O novo código florestal tramitou por 12 anos no Congresso. Mesmo aprovado no fim do ano passado, a insegurança jurídica assombra os produtores.

Pelo texto, na floresta amazônica, as grandes propriedades com mais de 400 hectares devem manter 80% da área com reserva legal. Mas ações de inconstitucionalidade contra o novo código podem alterar o texto. É o que aponta o assessor jurídico da Acrimat, Amado de Oliveira.

– Nós estamos preocupados com isso, o tempo está passando. Essas medidas em nada ajudam o meio-ambiente. Ao contrário, a gente não tem conforto de chamar o produtor a se cadastrar.

O produtor Darci Silva conta que já está com quase tudo pronto para obter o Cadastro Ambiental Rural, o CAR. Para realizar a regularização, teve que contratar um engenheiro florestal, o que, no Estado, não sai por menos de R$ 10 mil. Ele teme receber o documento e precisar refazer tudo de novo em caso de novas mudanças no Código.

Ainda não há prazo para que o Supremo Tribunal Federal comece a julgar essas ações diretas de inconstitucionalidade. A expectativa de quem cria gado na floresta é de que, na prática, haja vontade política para que a cadeia se estruture de maneira sustentável. Isso inclui leis claras e acesso ao crédito.

Nesta terça, na segunda reportagem da série, vamos ver que escoar a produção por é um desafio para os caminhoneiros: e que tanto os pecuaristas quanto a indústria de carne reclamam por melhorias.

>> Pecuaristas de Mato Grosso pretendem confinar 12% menos em 2013

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