O leilão mostrou que o transporte rodoviário ainda é a melhor alternativa para remoção de milho da região Centro-Oeste até as cidades do Nordeste atingidas pela seca. A Conab tentou, sem sucesso, em três oportunidades, comprar as 28 mil toneladas a granel de milho para serem entregues por navio nos Portos de Natal (RN) e Cabelo (PB). As tradings preferiram evitar o risco de multas pelo não cumprimento da operação a tempo por causa do prazo curto e das dificuldades nos portos brasileiros.
A remoção do milho para o Nordeste continua a desfiar o governo, tanto que, dificilmente, a presidente Dilma Rousseff conseguirá cumprir o compromisso assumido no início de abril com os governadores nordestinos, de entrega de 340 mil toneladas entre abril e maio para alimentar os rebanhos dos pequenos criadores prejudicados pela seca. A última projeção feita pela Conab mostrou que o balanço dos dois meses deve fechar com entrega efetiva no destino de 97.977 toneladas de milho – o total previsto é de 397.393 toneladas, entre compras e remoção de estoques próprios.
Para acelerar o processo de remoção do milho, o governo instituiu operações como a compra do cereal ensacado e desembarcado nos postos de distribuição do Nordeste, o que superou em parte as dificuldades enfrentadas em 2012 no desembarque de um produto a granel em armazéns que só trabalham com sacarias.
Outra a alternativa foi a compra do milho a granel para entrega por navios em portos nordestinos, onde o cereal será doado aos governos dos Estados para ensacamento, remoção e distribuição nos municípios do Semiárido. O lote vendido nesta quarta para entrega por caminhões no Rio Grande do Norte e na Paraíba fazia parte das 103 mil toneladas que a Conab queria comprar para entregar por navio. O primeiro lote arrematado de 20 mil toneladas começou a ser descarregado nesta quarta em Salvador.
O produto vendido pela Nidera Sementes foi importado da Argentina. A Nidera tem milho estocado em Luís Eduardo Magalhães (BA), a mil quilômetros do porto, mas a fila de caminhões para exportação de soja na capital baiana tornou inviável a entrega do cereal nacional. A Coamo, cooperativa de Campo Mourão (PR), entregará 30 mil toneladas em Fortaleza (CE) e a empresa Getúlio Viana, de Primavera do Leste (MT), 25 mil toneladas no Recife (PE).