– Os grãos já estão entrando em deflação e isso traz um impacto positivo nos custos de produção da carne. Acreditamos que em aproximadamente três meses o consumidor vai sentir a queda dos grãos que está ocorrendo no atacado – explicou. As projeções do Bradesco para o Índice de Preços por Atacado (IPA) agrícola é de uma deflação de 3,34% em 2013, o que mostra a queda das cotações dos grãos ante uma inflação de 18,82% em 2012.
Para a alimentação em domicílio, pelo efeito mais demorado do movimento dos preços no atacado, Ellen avalia que o consumidor ainda terá sua renda comprometida. A expectativa do Bradesco é de uma inflação na alimentação em domicílio de 7,9% para 2013.
– No primeiro semestre, houve uma inflação de aproximadamente 15%. Categorias como bebidas foram as que mais contribuíram para esse resultado – água e bebidas não alcoólicas chegaram a uma inflação de 12% – informou.
Já para o IPCA, a economista citou uma projeção de inflação entre 5% e 6% para o ano. Com relação ao endividamento das famílias, comentou que há uma situação de alívio do comprometimento da renda das famílias, o que indica a recuperação do consumo nos próximos períodos.
Para o PIB nacional, Ellen espera um desempenho melhor do que em 2012, mas sem a euforia de 2010.
– Vamos crescer com mais consistência, com um porcentual de incremento por volta de 2,5%, até 3% – declarou. Segundo ela, em 2013, em comparação a 2012, houve uma queda do risco de eventos de ruptura no cenário internacional, e, no mercado doméstico, a aplicação de conjunto de estímulos à economia que já fazendo efeito benéfico.
– Estamos em momento de retomada do crescimento da economia brasileira. Além disso, a agricultura já está registrando um bom desempenho, após a seca do início de 2012, o que é bom para aliviar a pressão dos custos – comentou.
Ela também citou que, desde meados de 2011, a indústria nacional acumulou estoques e há um ano está em um processo de ajustes.
– Os estoques estavam altos e, por isso, houve a desaceleração da produção industrial. Hoje está mais próximo do normal. O que já traz um tom melhor para a indústria para o resto do ano – disse.
Para a taxa de juros, o Bradesco trabalha com uma Selic ao fim do ano de 8,75%. Sobre o câmbio, a previsão do banco era de dólar a R$ 2,05.
– Em virtude dos últimos movimentos da economia global e das medidas do governo brasileiro, estamos revisando esse valor. Passaremos nos próximos meses a considerar mais depreciação do real ante o dólar.
No Brasil, o movimento favorece exportação, mas pode impulsionar inflação.
– Acredito que o câmbio pode ficar mais próximo de R$ 2,10.
Ao fim de dezembro do ano passado, o dólar ficou em R$ 2,04. A economista participou, nesta quarta, dia 5, do 7º Seminário Setorial de Food Service da Associação Brasileira de Franchising (ABF).