Reintegração de posse de fazenda invadida por indígenas em MS é suspensa e clima segue tenso na região

Proprietários das terras ocupadas por indígenas ameaçam retomar fazendas "com as próprias mãos"A ordem de reintegração de posse da fazenda Buriti, em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul - invadida por indígenas e local de conflito que resultou em morte no fim de maio - foi suspensa nesta quarta, dia 5. A decisão foi expedida pela Justiça Federal de Mato Grosso do Sul.

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De acordo com o juiz Jânio Roberto dos Santos, a suspensão é necessária até que se julgue o agravo de instrumento, recurso geralmente utilizado quando há risco de uma decisão causar lesão grave. O recurso foi protocolado no dia 28 de maio pela Advocacia Geral da União (AGU) no Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região.

Clima é tenso na região invadida

Um dia após o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciar o envio de efetivo da Força Nacional para manter o controle na região, o clima em Sidrolândia continua tenso e o risco de conflito é iminente. Cerca de 50 pessoas se dividem em pequenos grupos para tentar retirar os animais das fazendas invadidas e, principalmente, evitar novas invasões.

Haroldo Correia Júnior, proprietário da fazenda Furna da Estrela, que fica na divisa de Sidrolândia com a cidade de Dois Irmãos do Buriti, afirmou que se o conflito não for resolvido, os proprietários de fazendas na região irão retomar as terras pelas próprias mãos.

– Nós fomos enganados pelo ministro da injustiça, que suspendeu a reintegração. Os índios ameaçam eles e eles cedem – afirmou.

Dados da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul indicam que há 65 fazendas invadidas em todo o Estado. Segundo produtores rurais, 18 delas estão na região entre Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. Em pelo menos cinco delas, há registro de danos materiais.

Para o presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Chico Maia, não adianta a presidente anunciar milhões para o Planto Safra se os produtores não têm acesso à segurança jurídica no campo.

– Estamos falando de um massacre iminente. Temos produtores que se recusam [a sair de suas propriedades] e estão armados. Vai morrer mais gente. Vai ter mais sangue – afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na terça.

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