Uso de microalgas como matéria-prima do biodiesel pode reduzir custo final do produto, indicam especialistas

Pesquisadores debateram, durante o VII Workshop Agroenergia, a utilização de outras oleaginosas em substituição à soja na produção do óleoEspecialistas reuniram-se no VII Workshop Agroenergia: Matérias-Primas, nesta sexta, dia 7, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, para discutir maneiras de diminuir os custos do biodiesel. O debate ocorreu em torno da utilização de outra oleaginosa em substituição à soja. O uso de microalgas foi considerado uma boa alternativa para o setor. 

No Brasil, desde 2010, todo o abastecimento com óleo diesel tem o percentual de 5% de biodiesel, valor considerado ainda baixo para as necessidades da população. Muitos técnicos chegaram a declarar que o país teria capacidade para aumentar 1% ao ano e, assim, diminuir o valor final do protudo. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), de janeiro a março deste ano, a soja respondeu por 69% de todo o biodiesel produzido no Brasil, seguido do sebo bovino (21%) e do óleo de algodão (4%).

– Temos dificuldade em fazer a mistura petroquímica no biodiesel com certas misturas oleaginosas em escala que atenda ao consumo. Hoje, temos 85% com a soja, além do sebo bovino e de outras oleaginosas. O potencial é grande, mas o cenário futuro persistirá – apontou Gil Câmara, da Esalq USP.

O uso de microalgas como alternativa na produção está sendo desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) no Rio de Janeiro. A vantagem das microalgas é o alto potencial de produção do óleo, com cerca de 20 a 50%. A área de cultivo também é menor que a soja.

– Não é para substituir as oleaginosas, mas para acrescentar. Entretanto, como ela [microalga] não é usada na cadeia alimentar, tem um apelo interessante. Isso facilita a produção de biodiesel sem prejudicar a cadeia alimentar – destaca a pesquisadora do INT Cláudia Maria Luz Teixeira.

Outra vantagem é sobre a importação. Nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil comprou mais de quatro bilhões de litros de diesel mineral, o equivalente a todo o primeiro semestre de 2012. O valor pesou na balança comercial brasileira – foram mais de R$ 6 bilhões. Para os pesquisadores, o investimento nas microalgas pode diminuir a importação.

– Nós teríamos uma quantidade de óleo muito importante, em termos de menos uso de terra, de gás carbônico residual e uso da luz solar, que tem custo zero. É possível sim. O Brasil, com condições climáticas favoráveis, tem que partir para essa cultura e fazer pesquisas para viabilizar essa área econômica – afirma Cláudia.