Falta de mão de obra encarece produção de tomates em São Paulo

Segundo pesquisa do Cepea divulgada durante a Hortitec, gastos são maiores para quem planta tomate na comparação com cultivo de cebolaPesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgaram pesquisa em que analisam os custos de produção em diferentes regiões e comparam sistemas de plantio quanto à mão de obra. Os resultados foram divulgados na Hortitec, feira de horticultura que ocorre em Holambra, no interior de São Paulo, e mostram que a falta de mão de obra está encarecendo a produção de tomate no Estado.

A tecnologia está cada vez mais avançada. E feiras como a Hortitec trazem novidades que podem ajudar o produtor. Em uma estande, duas máquinas estão chamando atenção. Uma é convencional, mas o preço é bem atrativo. Custa cerca de R$ 40 mil. Já a outra é uma máquina de plantio direto tanto para cebola quanto para beterraba. Nela, o produtor não precisa mexer no solo e substitui 100% da mão de obra.

– Ele evita raleio, aumenta a produtividade e diminui mão de obra. Cerca de 30, 40% de vantagem na mecanização na parte de hortaliças – diz Fabiano Taglioni, representante de vendas da Jamil.

Quem é produtor de tomate sofre com a falta de tecnologias novas, pois a mão de obra está cada vez mais escassa.

– Mão de obra está muito difícil, porque os jovens não querem ficar mais no campo – diz a produtora Lydia Carlos da Graça.

Mas uma pesquisa realizada pelo Cepea aponta que os gastos para o produtor são maiores para quem planta tomate do que cebola. Uma das principais causas é a falta de mão de obra. Muitos estão deixando o campo em busca de oportunidades nas grandes cidades.

A pesquisa avaliou os custos de produção de tomate nas cidades de Mogi Guaçu e Caçador, e os custos de produção da cebola em São José do Rio Pardo, todos municípios do interior de São Paulo. Os pesquisadores levaram em conta os diferentes modos de produção.

O resultado é que em Mogi Guaçu, na safra de inverno de 2012, o custo total por caixa de 23 quilos de tomate foi de R$ 15,46. Em Caçador, na safra verão 2011/2012, o custo total na propriedade de pequena escala foi de R$17,32 e, na de grande escala de produção, R$15,06 a caixa. Em São José do Rio Pardo, o custo para produzir uma caixa de 20 quilos de cebola ficou em R$11,74. A pesquisa mostra ainda o impacto da mão de obra. Para o tomate, varia de 20 a 30% e, para a cebola, fica ao redor de 20%.

– Avaliando a questão de mão de obra nos plantios de cebola e tomate. No setor de cebola, no direto, tem uma demanda muito menor acentuada por mão de obra ao sistema de plantio por muda. No semeio direto você precisa apenas do operador da máquina, um ajudante, o uso de mão de obra é bastante enxuto. Quando é uso de muda, o uso é mais intenso de mão de obra. No tomate de mesa, no sistema de condução, nós avaliamos em dois sistemas: de cruzeta e por fitilho, mas ainda é mais intensa pra mão de obra. Na cebola, é menos intenso no semeio direto – explica João Paulo Deleo, pesquisador do Cepa.

Para o pesquisador, ainda não existe uma tecnologia capaz de mudar os resultados dessa pesquisa em favor do tomate.

– Para o futuro, devido à pressão que se tem por mão de obra e a dificuldade em se conseguir mão de obra, sobretudo nos principais centros devido à indústria, a agricultura sofre. No futuro, acredito que seja criada alguma coisa para suprir a demanda – finaliza Deleo.

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