Produtor rural de Minas Gerais aguarda reintegração de posse há um ano

Fazendeiro Renato Dias alega que a polícia não consegue efetivar a reintegração, que já foi autorizada pela Justiça, e ordenar a desocupação de integrantes do MSTHá mais de um ano, o produtor rural Renato Dias, de Serra do Salitre (MG), tenta cumprir a ordem judicial de reintegração de posse da fazenda Porto Seguro. A propriedade, com 307 hectares, às margens da BR-146, foi uma das pioneiras na cafeicultura no Cerrado Mineiro na década de 70 e já ganhou prêmio devido à qualidade do café. Em 2009, a fazenda foi arrendada e migrou para produção de soja e milho. Em janeiro de 2012, seis meses antes de encerrar o contrato de arrendamento, cem famílias do Mov

O processo de reintegração de posse levou um ano e, durante este período, o arrendatário voltou a plantar, mas desta vez em acordo com os integrantes do movimento.

– Não sei detalhes do acordo, mas tenho toda a documentação provando a presença dele [arrendatário] lá dentro, com todas as máquinas e funcionários. Tudo está registrado, com foto e ata no cartório – confirmou Dias.

O militante do MST Wilson Leonel nega que tenham arrendado a propriedade invadida e mostra a produção das famílias, que inclui milho e lavoura de sorgo. Leonel afirma que o interesse agora é apenas de fazer a colheita e, depois, sair da fazenda.  

– Teve uma nova reintegração, nós respeitamos e sabemos dela. O que estamos querendo nesta fazenda é colher o resto dos frutos que nos resta aqui. Depois da colheita, vamos dar lugar ao fazendeiro – diz o integrante do MST.

O proprietário da fazenda segue na rotina de visitas ao fórum no município de Patrocínio para levar mais documentos e insistir para que a reintegração de posse seja cumprida, inclusive com direito sobre a colheita da safra.

– Isso já aconteceu algumas vezes. Já tive essa ordem deferida pela Justiça, que fez a parte dela. Quando chegamos na porta da fazenda para fazer valer, infelizmente a polícia não conseguiu dar o apoio necessário. Já fui três ou quatro vezes com oficial de Justiça, com documentação necessária, mas, na prática, a gente não consegue efetivar a reintegração – lamenta o proprietário.

O tenente coronel Jarbas de Sousa Silva, comandante do 46º Batalhão da Polícia Militar, mostra que recebeu o processo de reintegração de posse no dia 13 de junho e que acaba de concluir o planejamento da operação, mas que precisa de aprovação dos superiores.

– Nós remetemos ao nosso escalão superior para que ele possa avaliar o planejamento e autorizar o emprego da força policial. Os oficiais de Justiça já têm em mãos o mandado de reintegração de posse, que foi expedido pelo juiz competente da Vara de Conflitos Agrários do Estado de Minas Gerais. A gente acredita que ele deverá ser cumprido na sua integralidade.

Nas Imagens feitas pelo proprietário da fazenda, o clima é tenso nas tentativas de recuperar a posse da fazenda. Dias faz duras críticas às lideranças do agronegócio no Brasil, que não dão apoio durante um processo de invasão e reintegração de posse.

– Vemos um discurso muito bonito lá no Senado, a senadora Kátia Abreu fala muito bem ao defender nosso setor. Mas, quando você tem um caso real, uma oportunidade em que um produtor está sofrendo, não vemos esse apoio acontecer na realidade. Do outro lado, é o contrário. A gente vê que tem toda uma mobilização do pessoal de Direitos Humanos, vem assessor de deputado do PT, deputado federal e deputado estadual para impedir que as ordens sejam cumpridas. É uma diferença muito grande.

Nesta terça, dia 25, está marcada uma reunião em Patrocínio para finalizar um possível acordo sobre a saída das famílias da fazenda e sobre quem vai ficar com a produção.

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