A previsão consta da pesquisa de campo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento, referente ao mês de junho e que foi divulgada nesta quarta, dia 26.
De acordo com o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, a pesquisa foi feita antes das chuvas se agravarem e o reflexo na produtividade das lavouras ou na qualidade dos grãos será conhecida depois que os técnicos conseguirem ir a campo.
– Os técnicos da Secretaria, de cooperativas, da Emater e das empresas de planejamento da iniciativa privada não estão conseguindo ir a campo para fazer os acompanhamentos necessários em função das chuvas que caem de forma intermitente sobre o Estado – disse.
Segundo Simioni, o fato é que as lavouras de grãos, principalmente o milho da segunda safra e o feijão, vêm sofrendo os efeitos da irregularidade do clima que acontece desde o início do ano, com períodos alternados de excesso de chuvas, seguidos de estiagem e até mesmo geadas como ocorreram no início de maio.
De acordo com a engenheira agrônoma do Deral, Juliana Tieme Yagush, as chuvas estão atrasando a colheita do milho safrinha, mas ainda não é possível mensurar qualquer impacto sobre a produtividade das lavouras e qualidade dos grãos. Conforme o relatório, com o avanço da colheita até meados de junho foi feita uma reavaliação da área plantada com milho safrinha, que é um pouco maior do que se esperava. A área plantada cresceu 6% acima do plantio realizado em igual período do ano passado e a produção deverá crescer em torno de 10%, alcançando o volume de 10,93 milhões de toneladas do grão.
Não fossem os problemas de clima, a previsão inicial apontava para uma colheita inicial acima de 11 milhões de toneladas para o milho safrinha, comparou a técnica.
Feijão
Outra lavoura que está sofrendo os efeitos do clima é o feijão da seca, que está com 88% da área colhida e já apresenta uma quebra de 20%, que corresponde a uma perda de 93 mil toneladas na segunda safra. A previsão inicial era colher 466 mil toneladas e a projeção atual aponta para uma colheita de 373 mil toneladas.
Segundo o engenheiro agrônomo, Carlos Alberto Salvador, entre as três safras de feijão plantadas no Estado deverão ser colhidas aproximadamente 707 mil toneladas. Não fossem os problemas de clima poderiam ser colhidos 150 mil toneladas a mais, calculou o técnico do Deral. Segundo ele, o Paraná se destaca como o maior estado produtor de feijão e nesse período predomina plantio do feijão de cor que abastece o mercado estadual e nacional.
– Portanto, os efeitos do clima estão influenciando no aumento dos preços do feijão no varejo – afirmou.
Em consequência da menor oferta de feijão no mercado, o preço do feijão preto, que era inferior ao de cor, agora atingiu quase a equiparação. O feijão de cor está sendo comercializado em torno de R$ 145,00 a saca com 60 quilos e o feijão preto está sendo vendido em torno de R$ 144,00 a saca, praticamente o dobro do preço mínimo, que é de R$ 72,00 a saca.
Soja
O plantio de soja da segunda safra também foi afetado pelo clima, embora a produção seja pequena em relação à safra principal, já colhida, e que rendeu 15,78 milhões de toneladas, volume recorde. Na segunda safra, a projeção inicial de colheita de 168 mil toneladas foi reduzida pra 134.770 toneladas.
Trigo
Também houve reavaliação na área plantada com trigo no Paraná. A previsão de plantio avançou de 900 mil hectares para 914 mil hectares, que devem ser plantados no Estado. Cerca de 85% da área já foi plantada, sendo que nas regiões Norte e Oeste o plantio já foi concluído e está em fase de conclusão na região Centro-Oeste.
A colheita poderá superar 2,6 milhões de toneladas, volume 27% maior do que a colheita da safra passada. Segundo o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, essa projeção também pode ser afetada pelo clima, com a possibilidade de recuo na qualidade e quantidade do trigo, mas ainda não foi mensurada.
De acordo com Godinho, o produtor está animado com a comercialização do trigo, cujo preço está em torno de R$ 40,00 a saca, o maior preço dos últimos cinco anos. Esse valor é superior ao preço mínimo do trigo, que é de R$ 31,86 a saca, comparou.
Comercialização
Novamente, o mercado está favorável ao produtor na hora da comercialização com bons preços para todos os grãos, exceto para o café. Segundo Simioni, o produtor paranaense vem se capitalizando há seis safras consecutivas considerando os plantios de verão e inverno. Com o aumento na renda, o produtor está investindo de forma mais agressiva no campo, comprando mais máquinas e recorrendo à aplicação de tecnologia no plantio, sinalizando um período positivo para o agronegócio.