– Juntas, as altas da soja em grão e do farelo tiveram um efeito forte, mas reversível. Ainda há dúvida em relação ao volume da safra norte-americana. Esse risco está começando a diminuir – disse Quadros.
As matérias-primas brutas agropecuárias foram as que mais ajudaram a pressionar o índice, ao saírem de queda de 2,15% em maio para elevação de 1,48%, com contribuição de 0,84 ponto porcentual no IPA. O motivo, explicou o economista, foi o aumento expressivo de 11,38% da soja (de 3,11%).
Quadros observou, que por outro lado, os itens minerais reduziram a alta de 4,59% para 0,38%, puxados especialmente pelo arrefecimento do minério de ferro (de 5,13% para 0,34%).
– Se o dólar não estivesse subindo, até poderíamos ter deflação – afirmou.
A despeito da mudança de sinal na taxa dos Bens Intermediários, de recuo de 0,18% para aumento de 0,84% em junho, o economista ressaltou que o movimento reflete quase que isoladamente a elevação de 18,34% do farejo de soja, dado que o grão também teve avanço significativo em junho.
– Acelerou muito, mas praticamente reage ao exterior. Movimento especulativo – resumiu.
Para Quadros, um dos efeitos mais representativos da depreciação cambial pode ser visto nos preços de produtos que captam diretamente o impacto da moeda norte-americana, caso de fertilizantes, de baixa de 0,77% para alta de 0,98%.
Apesar de os preços da ração terem subido em junho (alta de 2,84% ante queda de 3,84%), o economista disse que ainda não refletem o dólar e sim o aumento da soja no mercado internacional. O superintendente avalia como uma mudança rápida, completando que é bem provável que a alta possa chegar ao varejo, dado que a ração, que é utilizada como alimento para animais, tende a afetar os preços das carnes.
Em relação ao grupo Bens Finais, que mostrou alta de 1,00% (de queda de 0,13%), Quadros ressaltou que, apesar da elevação, o item Alimentação subiu pouco – deflação de 0,17% para elevação de apenas 0,10%. A carne bovina, por exemplo, passou de uma elevação de 1,55% para 0,97% em junho.
– Por mais que o câmbio esteja tendo impacto, em alguns segmentos, na cadeia produtiva alimentícia ainda não está – comentou.