Protestos bloqueiam tráfego de caminhões em estradas do país

Caminhoneiros reivindicam redução de impostos sobre o óleo diesel, mais segurança nas estradas e melhoria da infraestrutura viáriaGrupos de caminhoneiros protestam desde a manhã desta segunda, dia 1º, em estradas de todo Brasil. De acordo com o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Cargas de Minas Gerais (Sinditac), os protestos são por redução de impostos sobre o óleo diesel, mais segurança nas estradas e melhoria da infraestrutura viária.

Um dos maiores protestos acontece em três trechos da BR-381, em Minas Gerais. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bloqueios estão sendo feito apenas para o tráfego de caminhões. A passagem de carros de passeio e de ônibus está liberada.

Em um dos pontos de manifestação, no quilômetro 513, na cidade de Igarapé, região metropolitana de Belo Horizonte, a fila de caminhões chegou a cinco quilômetros tanto no sentido São Paulo quanto no sentido Espírito Santo. Os outros dois bloqueios ocorrem na altura do quilômetro 359, no município de João Monlevade, e no quilômetro 589, em Carmópolis de Minas. A PRF não informou a extensão do congestionamento no local.

Na semana passada, foram registradas diversas manifestações em estradas mineiras, que provocaram interdição de trechos e congestionamentos nas estradas. Na maior parte dos casos, os grupos reivindicavam melhorias no transporte coletivo, redução das tarifas de ônibus, construção de passarelas, além de criticar os gastos relacionados à Copa das Confederações.

São Paulo

Caminhoneiros também protestam por melhores condições de trabalho a partir das 5h desta segunda em várias rodovias de São Paulo. Os bloqueios devem durar pelo menos 72 horas, ou até que os manifestantes sejam atendidos. Na rodovia Castelo Branco, na região de Barueri, as vias foram bloqueadas nos dois sentidos. Entre as reivindicações, estão o fim das restrições de circulação de caminhões nas marginais da Grande São Paulo, a redução do diesel, que encarece o transporte, e mais segurança nas rodovias.

Os caminhoneiros pretendem permanecer no local até que líderes do movimento sejam recebidos pelo secretário estadual de Logística e Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho. Os trabalhadores autônomos reivindicam redução de 50% na tarifa do pedágio no período noturno, cancelamento da cobrança por eixo erguido da carreta, que, segundo a categoria, deve entrar em vigor em breve, e diminuição de 25% no preço do óleo diesel.

– A gente volta vazio e não paga o eixo, mas ele [o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin] quer cobrar isso agora – disse Claudinei Oliveira, um dos organizadores do protesto.

Caso não ocorra negociação com o governo estadual, a categoria ameaça continuar bloqueando a rodovia.

– [Vamos interditar a rodovia] até o secretário de Transportes falar com a gente ou abrir alguma audiência para falar com a gente – informou, ressaltando que o protesto é pacífico e que os acostamentos da rodovia, em ambos os sentidos, foram liberados para automóveis, ônibus e ambulâncias.

A Polícia Rodoviária informou que a rodovia continua fechada nos dois sentidos, mas que uma faixa em cada sentido foi liberada para circulação de automóveis e motocicletas. A corporação não soube precisar o número de caminhões parados na rodovia. Na direção do interior, o congestionamento chega a sete quilômetros e, na direção da capital, a dois quilômetros. A Polícia Rodoviária confirmou o caráter pacífico da manifestação.

Segundo a CCR ViaOeste, que administra a rodovia, o tráfego na Castello Branco está interrompido nos dois sentidos por causa da manifestação. A concessionária informou que o bloqueio, sentido capital, ocorre na altura das cidades de Itapevi e Barueri, entre os quilômetros 32 e 30, e em Barueri, no sentido interior, entre os quilômetros 24 e 30.

Em nota, a Agência de Transportes do Estado de São Paulo e a Secretaria Estadual de Logística e Transportes informaram que a cobrança de pedágio por eixo suspenso dos veículos comerciais “é neutralizada pelo não repasse do reajuste tarifário anual de 6,5%”.

“A cobrança do eixo suspenso não foi implantada hoje, pois ainda depende da conclusão de medidas jurídicas e técnicas para ser efetivada. Não há previsão para conclusão dessas medidas”, dizem a agência e a secretaria. De acordo com os dois órgãos, a paralisação desta segunda não tem apoio do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, nem da União Nacional dos Caminhoneiros.

A nota dos dois órgãos acrescenta que a cobrança do eixo suspenso já foi discutida com várias entidades que representam a categoria. “Há casos de reclamação, mas não representam a opinião da categoria. Essa cobrança já é feita nos pedágios das rodovias federais. A adoção da medida beneficiará toda a população ao integrar o pacote de ações para zerar o reajuste. É importante destacar que o uso do eixo suspenso provoca efeitos na frenagem e estabilidade do caminhão, afeta a estabilidade do veículo, tornando-o mais suscetível ao tombamento, reduz sua capacidade de frenagem e leva à insegurança”.

Na rodovia Cônego Domênico Rangoni, que dá acesso ao Porto de Santos, os caminhoneiros também bloquearam as duas vias. A praça do pedágio foi fechada e, até o início da noite desta segunda, apenas carros de passeio e ambulâncias eram liberadas. Os manifestantes também são contra a cobrança do pedágio para eixos suspensos dos caminhões. O protesto mudou o cenário do Porto de Santos, que ficou com pouco fluxo e sem filas.

Rio Grande do Sul

De acordo com o jornal Zero Hora, agricultores de algumas cidades da Região Metropolitana bloquearam a rodovia que liga Porto Alegre a Uruguaiana (BR-290) próximo ao pedágio de Charqueadas na tarde desta segunda. O trânsito está interrompido nos dois sentidos da via na altura do quilômetro 130.

Os manifestantes reclamam da cobrança de multas a trabalhadores que não possuem habilitação e registro de emplacamento de tratores. Segundo os produtores, a fiscalização em uma rodovia que não está duplicada dificulta o trânsito dos veículos que atravessam a rodovia para disseminar implementos nas lavouras.

Também ocorreram prostestos no Espírito Santo (BR-262 e BR-101), na Bahia (BR-116, BR-242 e BR-020), no Rio de Janeiro (BR-040), em Mato Grosso (BR-364 e BR-163) e no Paraná (PR-182 e BR-376).

Clique aqui para ver o vídeo