Caminhoneiros mantêm protestos e bloqueiam rodovias de nove Estados

De acordo com o Movimento União Brasil Caminhoneiro, protestos serão mantidos nas estradas brasileiras até as 6h de quintaO segundo dia de protestos de caminhoneiros interdita ou bloqueia rodovias em, ao menos, nove Estados nesta terça, dia 2. De acordo com a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), manifestações são registradas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rondônia, Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. De acordo com o Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), os protestos serão mantidos nas estradas brasileiras até as 6h de quinta, dia 4, conforme previsto na

Os trabalhadores reivindicam questões locais e nacionais para a categoria, como subsídio no preço do óleo diesel, isenção no pagamento do pedágio, sanção do projeto de lei do motorista que organiza a profissão, criação da secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas, aposentadoria com 25 anos de serviço, postos de saúde ao longo das estradas, segurança e melhoria da infraestrutura viária.

– Queremos uma atenção maior do governo federal para o transporte de carga, porque somos fundamentais na economia do país – afirmou o líder da paralisação dos caminhoneiros, Nélio Botelho.

Na maioria dos pontos, a passagem para carros e ônibus é liberada, sendo impedido apenas o tráfego de caminhões. A paralisação interditou importantes vias nas regiões metropolitanas das capitais, congestionando o trânsito e dificultando a entrega de mercadorias.

Desde a tarde de segunda, o acesso ao Porto de Santos (SP) está prejudicado. A BR-277, que liga o oeste do Estado ao porto, está interditada nos dois sentidos. A rodovia é uma das principais ligações entre o interior do Estado e Curitiba.

Já em Cuiabá (MT), seis mil caminhoneiros aderiram ao protesto. Na BR-364, saída para Rondonópolis, a fila chegou a 60 quilômetros nos dois sentidos, com passagem liberada apenas para veículos leves e transporte de passageiros. Em Mato Grosso, os caminhoneiros têm pautas estaduais, como a aplicação dos recursos do Fundo Estadual do Transporte (Fethab) para a recuperação de rodovias.

Em Minas Gerais, cinco trechos de rodovias federais que cortam o Estado permanecem bloqueados parcialmente. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas, há registro de protestos em pontos da BR-381 e da BR-040. O Estado foi o mais atingido pelas manifestações de segunda.

Além dos protestos em estradas federais, ocorreram paralisações em outras vias. Em São Paulo, durou quase duas horas e meia o bloqueio na Marginal Pinheiros, no sentido Rodovia Castello Branco, provocado por um protesto que começou às 7h.

Também pela manhã, após mais de 26 horas de bloqueio, a Tropa de Choque conseguiu retirar manifestantes que interditavam a Rodovia Cônego Domênico Rangoni, na Baixada Santista. O grupo protestava contra a Lei 12.619/12 – que regulamenta a profissão de motorista – e a cobrança de tarifas para caminhões por eixos, mesmo quando passam pela praça de pedágio com os eixos suspensos. Eles também reivindicam redução de 50% na tarifa do pedágio durante a madrugada e a diminuição no preço do diesel.

Agronegócio parado

As paralisações já atingem diversos setores do agronegócio, prejudicando o transporte de cargas, a produção, o comércio e a exportação produtos. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alisio Vaz, informou que os protestos de caminhoneiros pelo país causam “alguma preocupação com o suprimento de biocombustíveis”, como etanol e biodiesel.

– Esses produtos vêm de longe e encontram paralisações regionais, seja em grandes centros ou mesmo em Paulínia – comentou, referindo-se à cidade que concentra indústrias do setor petroquímico no interior de São Paulo. Na segunda, caminhoneiros bloquearam um pedágio que dá acesso à Refinaria do Planalto (Replan), justamente em Paulínia. No caso de gasolina e diesel, o transporte é feito por bombeio, através de dutos, explicou Vaz.

Ele ponderou, no entanto, que, no geral, as manifestações não estão atrapalhando o transporte de combustíveis.

Já em termos de pecuária, a Aurora Alimentos mantém três unidades paralisadas em Santa Catarina. Além da trégua no abate de animais, aves e suínos estão sem alimentação, já que os estoques de ração são limitados na região.

Em entrevista ao programa Mercado & Companhia, do Canal Rural, o presidente da Cooperativa Central Aurora, Mario Lanznaster, afirmou estar preocupado com o prejuízo. Segundo ele, estão sendo feitas negociações com os caminhoneiros para a liberação de algumas cargas nas rodovias.

– É um problema sério, pois os frangos, por exemplo, entram em fase de canibalismo muito rápido. Eles estão passando fome – destacou Lanznaster.

Ele ainda afirmou que a empresa precisou dispensar mais de dois mil funcionários e que o prejuízo não afeta só agroindústria e os funcionários, mas também os integrados, que totalizam mais de 15 mil produtores de suínos, aves e leite.

Clique aqui para ver o vídeo