Especialistas discutem riscos do consumo de leite adulterado

Preocupação maior é com as crianças, que, além de receberem um produto contaminado, deixam de receber nutrientes, afirmam médicosDados apresentados nesta quarta, dia 3, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, pela deputada Silvana Covatti relatam a preocupação da sociedade diante da confirmação do leite adulterado neste ano. O Rio Grande do Sul responde por 12% da produção leiteira nacional, com 4,19 bilhões de litros de leite ao ano. Para a parlamentar, a fraude em um produto como o leite é mais grave do que outras, por se tratar de um alimento tido como saudável e consumido diariamente por crianças, adultos e id

Médicos e professores alertaram para, os riscos do consumo de leite adulterado. O oncologista-chefe da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Rodolfo Radke, disse que o formol é uma substância muito antiga, listada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como cancerígena, mas não se sabe em que quantidade e qual o tempo de exposição necessário para que cause dano.

Radke observou que os primeiros levantamentos sobre a adulteração com o produto são de 2010, mas questionou há quanto mais tempo o problema estava ocorrendo. A preocupação maior, segundo ele, é com as crianças, que, além de receberem um produto contaminado, deixam de receber nutrientes.

Ricardo Nogueira, especialista em desintoxicação do Hospital Mãe de Deus, aprofundou o tema, informando os possíveis efeitos do formol para a saúde. Disse que a toxicidade do produto depende da sua concentração e da forma como é administrado.

Nogueira explica que em determinada quantidade, será detectado pelo cheiro. Em outra, poderá causar desde dificuldade para respirar, até a morte, passando por problemas como lacrimação, dor de cabeça, bronquite, pneumonia, laringite, edema pulmonar e outros. Segundo ele, a substância também é relacionada a casos de leucemia e adenocarcinoma nasal.

O professor de Toxicologia de Alimentos da PUCRS, Claúdio Luis Frankenberg, observou que o problema não é de hoje e que a discussão precisa ser mantida. Disse que a própria Associação Brasileira dos Leites Longa Vida define a adulteração como uma prática comum, sanitária, quando puder resultar em dano à saúde, e econômica, quando seus efeitos forem de ordem econômica.

– São práticas que ocorrem há muito tempo, por isso a importância da fiscalização e do controle. Qualquer adulteração é crítica, mas quando chega ao ponto de afetar a saúde, é ainda pior – disse Frankenberg.

O secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul, Darlan Pagliarini, lembrou que o problema atingiu 0,5% da produção diária de leite e que não há indícios de que tenha voltado a ocorrer.