Receita com exportação do café tem queda expressiva

Pesquisa revela que venda de café no varejo crescerá 20,3% até 2017, alcançando R$ 8,3 bilhõesA receita derivada da exportação do café pelo Brasil na safra 2012/2013 (de julho de 2012 a junho de 2013) diminuiu 24% em relação ao número da temporada anterior. Segundo agentes consultados pelo Cepea/Esalq, o volume de café exportado foi 2,5% menor que o da última safra.

>>Cotação: acompanhe os preços das principais commodities

De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café (CeCafé), o volume de café de todos os tipos exportado na temporada 2012/2013 somou 30,54 milhões de sacas, enquanto a receita totalizou US$ 6 bilhões. Já o preço médio (FOB) de todos os tipos de café foi de US$ 195,39 a saca de 60 quilos, 25,8% inferior à média da temporada 2011/12.

Para os pesquisadores do Cepea, o baixo volume embarcado na safra pode estar atrelado à constante retração de vendedores brasileiros, que, diante das quedas nas cotações do café, esperavam recuperação nos valores. Essa postura foi favorecida pelo fato de a maior parte desses agentes estar capitalizada e, portanto, sem necessidade de venda. Ainda de acordo com o Cepea, compradores, nacionais e também externos, apostam na continuidade da queda nas cotações.

Pesquisa revela que venda de café no varejo crescerá 20,3% até 2017

As vendas de café no varejo devem crescer 20,3% nos próximos anos, alcançando R$ 8,3 bilhões em 2017, em comparação com R$ 6,9 bilhões em 2012. A expectativa de aumento de preço do grão e a tendência crescente do consumo de cafés de maior valor agregado deverão contribuir para o crescimento do setor no Brasil. A previsão faz parte do relatório “Cafés”, recém-lançado pela Mintel, empresa britânica fornecedora global de inteligência de mídia, consumidor e produto.

De acordo com a pesquisa, as vendas no varejo podem atingir R$ 10,1 bilhões em 2017, no melhor dos cenários. Em contrapartida, as vendas podem até cair para R$ 6,5 bilhões, no pior dos cenários traçados pela Mintel.

A pesquisa traz também uma avaliação sobre a indústria de café no Brasil. Segundo a Mintel, apesar de ainda pulverizado, quando comparado com outras categorias de bebidas (como cervejas), o mercado de café nunca esteve tão concentrado. Nos últimos anos, movimentos de fusões e aquisições fizeram com que a participação dos dez maiores fabricantes aumentasse de 52% em 2009 para 58% em 2011. “Em um contexto em que o preço dos grãos pressiona a margem da indústria e a escala torna-se necessária para sobrevivência no mercado, a concentração deverá continuar a ser uma tendência presente na categoria”, informa a Mintel no relatório.

A pesquisa revela que o movimento de certificação e produção de grão especiais no campo representa outra tendência que pode vir a ser aproveitada pela indústria brasileira para suprir uma demanda crescente que busca qualidade nos produtos. “Alinhados por uma necessidade mundial, produtores estão cada vez mais conscientes da necessidade de agregar valor ao produto e adaptam seus processos produtivos para criação de diferenciais com a certificação”, diz o relatório.

Cafeterias

Conforme a Mintel, a expansão das cafeterias no Brasil representa um dos principais fatores para o desenvolvimento da demanda por cafés especiais. É no ambiente de lojas de café que os consumidores muitas vezes têm seu primeiro contato com esses tipos de grão. A pesquisa mostra que 32% dos consumidores que afirmam preferir café premium às marcas comuns dizem consumi-las em uma cafeteria. Esse número cai para 30% em um bar ou padaria, 27% em um restaurante e 25% em casa.

A pesquisa constata, ainda, que o avanço das cápsulas (dose individual) servidas por meio de máquinas apresenta-se como uma tendência crescente, mas ainda como um nicho de mercado, por causa do alto preço. “Na nossa pesquisa com o consumidor, somente 2% dos pesquisados disseram que estão preparados para pagar um alto preço por uma máquina de café de alta qualidade. Isso pode ser um sinal de que o preço das máquinas pode ser uma barreira para o segmento”, diz o analista sênior do setor de bebidas da Mintel, Lucas Marangoni.

Segundo ele, esse mercado (café em cápsula) levou cerca de 10 a 12 anos para se estabelecer como ‘mainstream’ em países como Estados Unidos e Reino Unido. Por isso, “podemos esperar um crescimento constante para os próximos anos no Brasil, até que os fabricantes precisem considerar alternativas logísticas de fornecimento”.

Novos sabores

Um dado interessante da pesquisa é que apenas 29% dos consumidores concordam com a afirmação “eu gosto de experimentar novas marcas de café diferentes das que eu compro normalmente”, demonstrando que a maioria dos consumidores está acostumada com as marcas que consomem, são leais a elas e não tem muito interesse em buscar novas opções no mercado. Isso reflete em um cenário de inovações ainda pouco evoluído no Brasil.

Nos últimos anos, o número de lançamentos de novos produtos no país foi mais de duas vezes inferior ao observado nos Estados Unidos, maior mercado consumidor. Em 2012, até mesmo as nações menos representativas da categoria, como a Coreia do Sul e o Reino Unido, tiveram maior número de inovações. O Brasil foi apenas o oitavo em número de lançamentos.