Preços do boi gordo caem devido à grande oferta do mercado, informa Scot

Com a possibilidade de aumento na oferta, em função da piora na situação das pastagens, causada pelo frio intenso, novas baixas não estão descartadasCom a disponibilidade de mais gado para abate, a pressão de baixa nos valores do boi gordo se intensificou. Em São Paulo, o preço permanece estável, com ofertas de compra até R$ 4,00 a arroba abaixo de referência, informou nesta sexta, dia 26, a Scot Consultoria. No panorama geral, foram registradas baixas em oito praças pecuárias no levantamento de quinta, dia 25, mas o cenário não é diferente do esperado pelos pecuaristas brasileiros. 

Com a possibilidade de aumento na oferta, em função da piora na situação das pastagens, causada pelo frio intenso, novas baixas não estão descartadas.

Ricardo Viacava, criador de nelore, é dono de uma fazenda de gado em Paulínia, no interior de São Paulo. O frio e a geada que atingiram todo o país não foram suficientes para que o pecuarista vendesse os animais. Na sua opinião, no entanto, a espera era de uma geada mais forte.

– A gente está tendo um inverno atípico, bastante chuvoso. As condições das pastagens estavam até boas, mas a geada forte e a frente fria tendem a derrubar o mercado um pouco. Quem tem o boi pronto não quer esperar o boi perder peso. Ele vende o boi e a oferta aumenta um pouco. Mas a geada não veio tão forte como a gente estava imaginando, então, dá para segurar o gado no pasto.

Nos últimos sete dias, o indicador Esalq/BM&F Bovespa registrou quedas nas cotações em São Paulo, mas a desvalorização foi de apenas 0,07%, fechando a R$ 103,00.

De acordo com especialistas, o preço do boi vem caindo, mas as exportações estão muito aquecidas, o que favorece bons resultados no país.

– Com a chegada do frio, a oferta de gado fica maior. O pecuarista não consegue segurar o animal no pasto, ele perde peso. Normalmente, nesse caso, você tem uma desova maior. Nsse ano, os preços estão muito firmes, há um movimento de exportação muito bom e os abates seguem elevados. O boi consegue se sustentar e isso se deve ao mercado externo – aponta o analista da MB Agro, Cesar de Castro Alves.

Ainda segundo o analista, os abates estão 15% maiores do que no mesmo período do ano passado. Ele acredita que julho pode ser um mês recorde para a pecuária.

– Julho está com um começo muito forte e pode ser o melhor de muitos anos. O número não está fechado ainda. As exportações ainda serão oficializadas no começo do mês que vem. Mas as indicações preliminares indicam um mês muito bom de exportações e um ano muito bom. Há uma boa sustentação de preço graças às exportações, favorecidas também pelo câmbio.

Já o mercado de carne bovina sem osso conseguiu se sustentar nesta semana, apesar da redução nas vendas. Com isso, a margem entre a indústria que faz a desossa e o frigorífico que vende a carcaça, que era praticamente a mesma na semana anterior, voltou a abrir. O Equivalente Scot Desossa (receita da carne com osso, couro, sebo, miúdos e subprodutos) é 15,6% maior que o preço da arroba. Apesar disso, a diferença histórica de resultado entre as duas modalidades de venda de carne (com osso e sem osso) é de 5,4 pontos percentuais.

Mercado de reposição

Caso as temperaturas baixas permaneçam, a capacidade de suporte das pastagens deve diminuir nas próximas semanas. Com isso, a expectativa é de que a oferta aumente, o que pode melhorar a movimentação nos negócios no mercado de reposição. Por outro lado, a queda da qualidade das pastagens também pode afetar negativamente a demanda.

Mercado de tourinhos

Segundo a Scot, a demanda no mercado de reprodutores está lenta. Geralmente, as negociações começam a ganhar corpo a partir de agosto devido à proximidade da estação de monta. Com isso, a expectativa é de incremento nas vendas para as próximas semanas. Porém, a recente queda nas temperaturas pode ser fator limitante. Outro fator que pode influenciar de maneira negativa a movimentação do mercado de reprodutores é o aumento no abate de fêmeas.

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