Colheita mecanizada de café é alternativa econômica no Espírito Santo

Colheitadeiras em teste no Estado podem gerar economia de 70% na mão de obra utilizada nas lavouras de conilonUma das principais dificuldades dos produtores rurais de café é a falta de mão de obra durante a colheita. Diante desse problema, há cerca de três anos, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em parceria com produtores e empresas ligadas à indústria de máquinas, realizam estudos para a adaptação de colheitadeiras mecânicas para as lavouras de café conilon no Estado do Espírito Santo. Foram feitos testes de dois sistemas de colheita mecânica, que devem p

De acordo com o pesquisador do Incaper, José Antônio Lani, os testes vão ao encontro da principal demanda dos produtores de café da região norte do Estado.

– Existe uma grande preocupação dos agricultores em conseguir garantir a colheita do café. Por meio desses sistemas mecânicos, será possível reduzir em até 80% a mão de obra, ou seja, em uma mesma área onde atualmente trabalham cem pessoas, com a colheitadeira mecânica, serão necessárias em torno de 20 – explicou Lani.

Essa medida também irá trazer economia para os produtores de café.

– Atualmente, cerca de 35% do preço de uma saca de café equivale a gastos com mão de obra – apontou Lani. Com o sistema mecânico, por exemplo, em uma lavoura que produz 90 sacas por hectare, é possível colher 90 sacas por hora.

Outro benefício advindo com a utilização da colheitadeira mecânica é a melhoria da qualidade do café.

– Como o produtor fica preocupado com a falta de mão de obra, ele começa a colher o café antes de os grãos estarem maduros. Com o sistema mecânico, é possível colher em menos tempo e com maior percentual de grãos maduros, o que melhora a qualidade do produto – explicou o pesquisador do Incaper.

Os testes dos sistemas mecânicos têm ocorrido em conjunto com os produtores rurais das famílias Zanotti e Lubiana, nos municípios de Nova Venécia e São Mateus. As colheitadeiras têm sido acompanhadas pelos profissionais do Incaper durante esse período e vêm sofrendo adaptações à realidade local. A perspectiva é de que, em breve, as colhedeiras possam ser adquiridas por cooperativas ou alugadas por tempo determinado a fim de que o produtor rural possa ter acesso.

Como funciona a colheita mecanizada

No sistema Recolhedeira, os galhos com os grãos das plantas de café, comumente chamados de “saia”, são cortados e jogados sobre a área, entre as plantas. Após essa operação, uma máquina passa entre as linhas das plantas de café soprando os galhos com os grãos para o meio das “ruas”, amontoando-os nas entre linhas. Feito isso, uma máquina recolhedora passa sobre os galhos com os grãos de café, recolhendo-os, trilhando e transportando os grãos para um depósito que fica na parte superior da Recolhedeira. Com o depósito cheio, a recolhedora é deslocada até o carreador onde são descarregados os grãos, em carroças ou basculantes, que são transportados para os secadores.

No sistema Supersafra, a lavoura é implantada preferencialmente de forma adensada. Na propriedade onde está sendo testado, o espaçamento foi de 1,75 metro por 0,80 metro. No momento da colheita, as plantas são cortadas a 40 centímetros de altura e jogadas sobre a área. Após essa operação, uma máquina trilhadeira é deslocada para a área e os trabalhadores vão jogando os ramos com os grãos de café na trilhadeira que separa os grãos dos galhos e os transporta para um depósito que fica na parte superior da máquina. Com o depósito cheio, a trilhadeira é deslocada para o carreador, onde descarrega para as carroças ou basculantes, que transportam os grãos para os secadores.