Produção leiteira cresce 3% em 2012 e preço pago ao produtor é o maior em cinco anos

Entressafra das pastagens, aumento do consumo e até o mercado imobiliário auxiliaram na alta remuneração pelo produtoO valor do leite pago ao produtor é o maior em cinco anos. Os dados fazem parte do boletim do leite do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) de junho. A entressafra das pastagens, o aumento do consumo e até o mercado imobiliário ajudaram na alta remuneração pelo produto.

A produção leiteira cresceu 3% no Brasil em 2012, com mais de 33 bilhões de litros. O país também consome mais leite. Hoje, a média anual é de 180 litros por pessoa, enquanto que, há 10 anos, era de cerca de 125 litros. O aumento do consumo é um dos motivos que explicam a alta do preço pago ao produtor. Os preços do litro de leite no mercado interno subiram de R$ 0,8829 na média do primeiro semestre de 2012 para R$ 1,0178 no mesmo período de 2013.

– Houve um aumento da renda do consumidor. E ele gosta de consumir lácteos. Isso fez com que o consumo de leite aumentasse – explica o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite, a Leite Brasil, Jorge Rubez.

No inverno, o preço do leite costuma subir devido à queda de produção. Nessa época, a qualidade das pastagens diminui por causa do frio e do tempo mais seco – situação vivida principalmente pelos produtores do Rio Grande do Sul e do Nordeste do país. Para não perder produtividade, é preciso investir na alimentação dos animais, e a ração aumenta os custos de produção.

Porém, na região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, onde fica a fazenda do produtor Thiers Fortes, outro fator também interfere na quantidade de leite disponível. O mercado imobiliário é um dos responsáveis pela queda da produção leiteira. Na região de Taubaté, os fazendeiros estão recebendo propostas para vender as propriedades que podem se tornar loteamentos.

– É tentadora a oferta pela terra na nossa região. Ficam no leite aqueles que têm amor pela profissão. Estão porque gostam mesmo e outros porque não tem como sair da profissão e têm que continuar porque as terras não servem para outra atividade – esclarece o pecuarista.

Fortes recebe R$ 1,70 pelo litro de leite, já descontado o frete. O valor é 13% maior do que o pago há um ano, quando o litro era vendido por R$ 0,94. O produtor, no entanto, diz que o valor poderia ser ainda melhor.

– O preço seria metade do que hoje é vendido ao consumidor, que está em torno de R$ 3,00.

O presidente da Leite Brasil não acredita que a remuneração do produtor aumente mais. O valor pago já é o maior dos últimos cinco anos e deve incentivar o aumento da produção.

– É o melhor momento com relação aos anos anteriores, que fechamos em vermelho. Agora, estamos empatando e a maioria dos produtores está conseguindo um pequeno lucro. Com esse pequeno lucro, dá para incentivar a produção e conseguir chegar no patamar de 4% a 5% ao ano – diz Rubez.

De acordo com boletim do Cepea e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o aumento do preço no mercado interno também melhorou a relação de troca do leite por importantes insumos para a pecuária leiteria, entre eles a ração (concentrado de 22% de proteína bruta), o glifosato e o diesel. Para as entidades, o complexo agroindustrial do leite no Brasil passou por mudanças estruturais nos últimos anos, submetendo os integrantes da cadeia a um processo de adaptação. Este contexto expõe a necessidade de profissionalização do produtor rural tendo em vista a sustentabilidade da atividade. Segundo a análise, questões gerenciais, inclusive o conhecimento detalhado sobre os custos de produção, se tornam cada vez mais relevantes no planejamento e no processo decisório da propriedade.

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