O agricultor José Pereira, dono de uma pequena propriedade no município de Porto Nacional (TO), perdeu uma bezerra há cerca de dois meses.
– O animal tinha três meses e estava muito bonito. De repente, ela adoeceu e morreu. Não tenho dúvidas de que ela consumiu alguma erva venenosa – conta, acrescentando que já comprou telas e estacas para fechar a área de reserva ambiental da chácara para evitar que outros animais tenham o mesmo destino.
– Essas plantas tóxicas acabam se tornando uma opção de alimento nessa época do ano. No Tocantins, a mais comum é conhecida por cafezinho (Palicourea marcgravii), que tem ação rápida e mata o animal em pouco tempo – explica o médico veterinário e assessor executivo de Desenvolvimento Animal da Seagro Cláudio Sayão.
Em outras regiões do país a erva também é conhecida por café-bravo, erva-café, erva-de-rato, roxa e roxinha. Dentre os sintomas após a intoxicação estão tremores musculares, pulso venoso positivo, movimentos de pedalagem, mugidos e convulsão final.
– É algo bem rápido e o produtor normalmente já se depara com o animal morto – complementa o veterinário.
Sayão orienta que os pecuaristas fiquem atentos à presença dessas ervas no pasto ou em áreas de mata próximas, devendo manter essas reservas cercadas para evitar que os animais adentrem e consumam as plantas venenosas.
– Caso o produtor tenha dificuldade em identificar a erva, deve acionar um técnico para fazer esse diagnóstico ou mesmo retirar um exemplar e levar para ser examinado por alguém habilitado – diz, completando que outra forma de prevenção é ter alimentos (como milho e sorgo) guardados para o período de seca.
Samambaia
Outra espécie que merece atenção, segundo os pesquisadores da Embrapa, é a samambaia, que, apesar de inofensiva em jardins, são perigosas se consumidas pelo rebanho. A planta é encontrada em quase todo o Brasil, em áreas com maior altitude, e se apresenta como planta invasora em solos ácidos, arenosos e com baixa fertilidade. Ao ingerir a planta, o diagnóstico de toxidade pode até ser confundido com outras doenças, como carbúnculo hemático, leptospirose, tristeza parasitária e pasteurelose. Veterinários alertam que a prática de queimadas favorece a brotação, eleva a toxidez da planta e contribui para sua proliferação.
Dicas para evitar a invasão das ervas no pasto são cercar as matas ou capoeiras onde existe a planta, fazendo um bom aceiro junto às cercas; além de inspecionar pastos recém-formados. A prática de arrancar a planta e colocar o herbicida granulado na cova ajuda a evitar a rebrota.