De acordo com o maior produtor de soja da Argentina, Gustavo Grobocopatel, presidente da companhia de agronegócios Los Grobo, operações que não passam pelas bolsas deverão ser registradas também.
– Não vejo nenhum problema – disse.
Segundo o analista Gustavo López, diretor da consultoria Agritrend, a questão são as dúvidas causadas no mercado pela decisão governamental.
A avaliação é de que o objetivo da administração argentina é ter acesso às informações sobre o volume exato produzido e vendido no país e no Exterior, além de acompanhar os detalhes dos estoques declarados pelos produtores e exportadores. Até o momento, não há um organismo específico que concentre todas estas informações, o que facilita ao produtor dispor das colheitas no momento que julgar conveniente.
– Há muitas incertezas e inseguranças porque não se sabe como começa e termina esse tipo de medida do governo. Se é para controlar sonegação de impostos ou obrigar o produtor a vender sua mercadoria quando o governo determine. Isso pode prejudicar os preços – avaliou López.
Em plena política restrita do câmbio, Cristina acusa o setor de “sentar em cima da soja” guardada em silos-bolsas para “castigar” o governo com a ausência de divisas. A única entrada de divisas no país é por meio da exportação de grãos e oleaginosas.
O presidente da Sociedade Rural da Argentina, Luis Miguel Etchevehere, responde que o produtor é livre para vender a produção quando lhe pareça oportuno. Agora, com a nova regulamentação, essa liberdade poderia ser restringida, comentou López. Ele afirmou que todos os dados sobre volumes e comercialização existem em documentos diferentes que tramitam no mercado e são exigidos pelo próprio Executivo.
Ainda conforme López, a regulação da compra e venda agrícola é feita pelas bolsas de comércio. Se a CNV assumir esse papel, as bolsas se tornariam obsoletas.
– É cedo para afirmar qualquer coisa porque precisamos ver a norma publicada, mas as versões até agora estão alterando os ânimos – afirmou. O analista destacou também que, atualmente, o comércio de soja “é um mercado ágil e muito transparente”. Ao contrário do que ocorre com o milho e o trigo, que se encontram sob forte intervenção oficial.
– Dependendo do tipo de norma, o mercado da soja pode se tornar menos ágil – estimou.